São Paulo, domingo, 27 de novembro de 2005

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Para procurador da Susep, processo não foi afetado

DA REPORTAGEM LOCAL

O procurador-geral da Susep, Moacyr Lamha Filho, disse que não foi diretamente procurado pelo petista José Alfredo Carvalho para agendamento da audiência com a direção da Interbrazil. Segundo Lamha, "eles chegaram dizendo que vinham de outro setor. Bateram lá, na Procuradoria, pediram para falar comigo e recebi", afirmou ele, acrescentando não se lembrar com quem os conselheiros estavam antes da audiência. "Não recebi nenhum pedido de reunião. Ninguém me ligou para marcar essa reunião", frisou Lamha.
Segundo ele, foram duas as reuniões com o comando da Interbrazil, uma antes e outra depois da liqüidação. Na primeira, os conselheiros Carlito Souza e Rondon Borges teriam garantido que a Interbrazil mudara e que não haveria mais irregularidades nos contratos. "Sentaram comigo, no máximo, dez minutos. A segunda [reunião] demorou menos ainda porque eles estavam morrendo de vergonha. Perguntei: "Vocês não disseram que a empresa estava mudada? Que estava tudo certo?'".
Lamha afirma que, apesar da contratação, a Interbrazil não conseguiu postergar o processo de liqüidação. "O processo correu normalmente", afirmou, explicando que a liqüidação exige cuidado. "É um processo muito trabalhoso. Fechar uma empresa é um ato muito violento, ato forte. Você tem que estar muito bem calçado. Se faz uma liqüidação mal feita, está arriscado a sofrer um processo e a União é obrigada a pagar indenizações altíssimas."
O processo de liqüidação da Interbrazil é alvo de controvérsia, especialmente depois da divulgação de um e-mail em que o presidente da empresa, André Marques Silva, cita uma reunião com dirigentes da Susep para contar aos demais conselheiros que haviam fixado um prazo de 90 dias para saneamento financeiro da seguradora. No e-mail, de maio deste ano, os dois dirigentes da Susep são citados pelo prenome.
Em recente entrevista à Folha, o superintendente da Susep, Renê Garcia, classificou como "perfeitamente aceitável" uma liqüidação que dure "um ano, um ano e meio".
Ele afirmou que as primeiras denúncias de irregularidades cometidas pela Interbrazil começaram em 2003.
Em julho de 2004, o IRB enviou à concessionária Triângulo do Sol uma correspondência advertindo para o risco de a Interbrazil não ter buscado cobertura para apólice -no total de R$ 211 milhões- no exterior. A Triângulo protocolou uma representação na Susep para a abertura de um processo contra a seguradora. No dia 18 de agosto, houve a liquidação.
Em setembro, com a revelação de que a Interbrazil teria laços com partidos políticos, a Susep reiterou que o processo fora normal. Mas a associação de servidores da superintendência divulgou uma nota criticando a demora.


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