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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
Relator-adjunto e técnicos promovem um "pente-fino" em movimentações bancárias
CPI revisa documentos em busca de "financiadores"
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O relator-adjunto da CPI dos
Correios, Eduardo Paes (PSDB-RJ), passou o dia ontem reunido
com técnicos da comissão para fazer o que chamou de "pente-fino"
nos documentos oriundos de
quebras de sigilos de empresas,
em busca de pistas sobre eventuais financiadores privados do
esquema do "mensalão".
"Foi uma reunião técnica, dada
a amplitude da CPI, o que se busca é consolidar algumas linhas de
investigação, ver que detalhes faltam, ou seja, passar um pente-fino", disse. "Volta e meia falta uma
informação, ou a gente pode não
ter tido o cuidado de fechar uma
ou outra questão, enfim, a idéia é
identificar o que ficou faltando fechar", completou o tucano.
O principal foco, segundo Paes,
é se chegar aos supostos financiadores privados do esquema organizado pelo publicitário Marcos
Valério de Souza, apontado como
o operador do "mensalão", para
abastecer o caixa dois do PT.
"O que se quer chegar, em todos
os casos, são a alguns dos financiadores privados, e para isso tem
que fechar alguns elementos. Estamos justamente tentando organizar esse trabalho", disse.
Paes citou como exemplo de sua
investida para analisar contratos e
documentos de quebra de sigilo
no final de semana a descoberta
de um suposto esquema com a
empresa Visanet. "Estamos tentando amarrar as coisas, como
por exemplo amarramos a questão da Visanet, onde se chegou a
um nível de detalhes, descobriu-se de onde veio o dinheiro, quem
alimentou, para que serviu."
Segundo a CPI dos Correios, o
Banco do Brasil pagou antecipadamente R$ 73,8 milhões à agência DNA, de Valério, por serviços
da conta de publicidade da Visanet, entre 2003 e 2004. Desse dinheiro, R$ 10 milhões teriam sido
repassados ao caixa dois do PT.
Os repasses foram assinados pelo ex-diretor de Marketing do
Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que afirmou que os pagamentos do banco à DNA foram
autorizados por ele por ordem do
ex-ministro Luiz Gushiken (Secom). Gushiken nega.
Paes disse ainda haver hoje
"uma guerra de vaidades" entre
os integrantes da CPI. Ele citou
como exemplo da queda-de-braço entre governo e oposição o impasse para a aprovação do relatório parcial do sub-relator de movimentação financeira da CPI,
Gustavo Fruet (PSDB-PR). Fruet
foi bombardeado porque seu parecer aponta indícios de crimes
cometidos pelo ex-tesoureiro do
PT Delúbio Soares e por Valério
em seis contratos de empréstimos
referentes a R$ 55 milhões, mas
deixa de fora as investigações sobre caixa dois na campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB)
ao governo mineiro, em 1998.
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