São Paulo, domingo, 27 de novembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"

Relator-adjunto e técnicos promovem um "pente-fino" em movimentações bancárias

CPI revisa documentos em busca de "financiadores"

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

O relator-adjunto da CPI dos Correios, Eduardo Paes (PSDB-RJ), passou o dia ontem reunido com técnicos da comissão para fazer o que chamou de "pente-fino" nos documentos oriundos de quebras de sigilos de empresas, em busca de pistas sobre eventuais financiadores privados do esquema do "mensalão".
"Foi uma reunião técnica, dada a amplitude da CPI, o que se busca é consolidar algumas linhas de investigação, ver que detalhes faltam, ou seja, passar um pente-fino", disse. "Volta e meia falta uma informação, ou a gente pode não ter tido o cuidado de fechar uma ou outra questão, enfim, a idéia é identificar o que ficou faltando fechar", completou o tucano.
O principal foco, segundo Paes, é se chegar aos supostos financiadores privados do esquema organizado pelo publicitário Marcos Valério de Souza, apontado como o operador do "mensalão", para abastecer o caixa dois do PT.
"O que se quer chegar, em todos os casos, são a alguns dos financiadores privados, e para isso tem que fechar alguns elementos. Estamos justamente tentando organizar esse trabalho", disse.
Paes citou como exemplo de sua investida para analisar contratos e documentos de quebra de sigilo no final de semana a descoberta de um suposto esquema com a empresa Visanet. "Estamos tentando amarrar as coisas, como por exemplo amarramos a questão da Visanet, onde se chegou a um nível de detalhes, descobriu-se de onde veio o dinheiro, quem alimentou, para que serviu."
Segundo a CPI dos Correios, o Banco do Brasil pagou antecipadamente R$ 73,8 milhões à agência DNA, de Valério, por serviços da conta de publicidade da Visanet, entre 2003 e 2004. Desse dinheiro, R$ 10 milhões teriam sido repassados ao caixa dois do PT.
Os repasses foram assinados pelo ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que afirmou que os pagamentos do banco à DNA foram autorizados por ele por ordem do ex-ministro Luiz Gushiken (Secom). Gushiken nega.
Paes disse ainda haver hoje "uma guerra de vaidades" entre os integrantes da CPI. Ele citou como exemplo da queda-de-braço entre governo e oposição o impasse para a aprovação do relatório parcial do sub-relator de movimentação financeira da CPI, Gustavo Fruet (PSDB-PR). Fruet foi bombardeado porque seu parecer aponta indícios de crimes cometidos pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e por Valério em seis contratos de empréstimos referentes a R$ 55 milhões, mas deixa de fora as investigações sobre caixa dois na campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo mineiro, em 1998.


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