São Paulo, terça-feira, 27 de novembro de 2007

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Líder de Aécio teve auxiliar que recebeu do valerioduto

Alan Marques/Folha imagem
Azeredo, acusado no valerioduto tucano, e Valdir Raupp (dir.)


THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE


Uma ex-funcionária do gabinete do deputado estadual tucano Mauri Torres, líder do governo Aécio Neves (PSDB) na Assembléia de Minas Gerais, foi beneficiária de recursos do valerioduto tucano em 1998.
Em 22 de outubro daquele ano, a três dias do segundo turno das eleições, Marlene Aranda Caldeira recebeu R$ 20 mil de uma conta da SMPB Comunicação no banco BCN. À Polícia Federal disse que fora para pagamento de despesas da campanha à reeleição do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), na época governador.
Caldeira é um possível elo de Torres com o valerioduto tucano -segundo a PF, suposto esquema operado por Marcos Valério, por meio de suas agências, para ocultar origem e destino de ao menos R$ 28,5 milhões em recursos públicos desviados e verbas privadas não-declaradas à Justiça que financiaram, em 1998, a campanha de Azeredo e aliados.
A conduta de Torres já é apurada pelo Ministério Público de Minas desde fevereiro de 2006, mas por conta de episódio ocorrido em 2004. Na ocasião, Torres -então presidente da Assembléia mineira- avalizou, ao lado do secretário de Governo de Aécio, Danilo de Castro (PSDB), empréstimo de R$ 707 mil que a agência de publicidade SMPB, então de Valério, tomou no Banco Rural. A agência atendia o governo e o Legislativo mineiros à época.
A denúncia da Procuradoria Geral da República sobre o valerioduto tucano, apresentada à Justiça na semana passada, reforça o pedido de apuração da ação de Torres e Castro. Ambos dizem que o aval ao empréstimo atendeu a um "pedido pessoal" de Ramon Cardoso, ex-sócio de Valério.
Pesquisa feita pela Folha no "Diário do Legislativo" mineiro revela que Caldeira foi funcionária comissionada de Torres de 1995 a 2002, quando se aposentou. Foi assistente técnico de gabinete, secretária e auxiliar de gabinete. Hoje ela vive em João Monlevade (108 km de BH), principal base eleitoral de Torres.
A reportagem ligou ontem para os dois números dela que constam da lista telefônica. Deixou recado em um deles. No outro, uma mulher que se identificou como Márcia disse que Caldeira estava em um sítio, sem sinal de celular. Ela disse não saber o número.
A Folha solicitou entrevista com Torres, que divulgou apenas nota sobre o empréstimo à SMPB que avalizou: "Trata-se de um empréstimo regular, de natureza particular, que cumpriu todos os trâmites formais, e já integralmente quitado. Todas as informações sobre esse assunto já foram prestadas em 2005, não havendo fato novo". Ele não se manifestou sobre a recepção de recursos pela ex-funcionária em 1998.


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