São Paulo, terça-feira, 27 de novembro de 2007

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Conselho da nova TV pública tem Lembo, Delfim e MV Bill

Entre escolhidos, há empresários, professor indígena e Maria da Penha, que inspirou lei sobre violência contra a mulher

Conselheiros têm poder de interferir na programação e destituir diretores; por isso, governo rebate críticas de que TV será "chapa branca"

LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Incumbido da função de fiscalizar a nova rede pública de TV, o Conselho Curador da instituição reunirá empresários, um ministro da época da ditadura, um professor indígena, um cantor de rap e o ex-governador Cláudio Lembro (DEM), que cunhou a expressão "elite branca" ao discorrer sobre o conflito social no país.
Os nomes dos 15 escolhidos para compor o órgão foram divulgados ontem pelo ministro Franklin Martins (Comunicação Social). Todos são indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os conselheiros não precisam ser submetidos a voto ou sabatina -estarão oficializados no cargo assim que seus nomes forem publicados no "Diário Oficial", o que deve ocorrer nos próximos dias.
O colegiado do conselho tem o poder de destituir diretores da TV e interferir na programação -por isso, é o primeiro elemento citado pelo governo ao tentar rechaçar as críticas de que a TV, por estar subordinada à pasta da Comunicação Social, será "chapa branca". "São nomes que atendem a demanda para que o conselho seja um órgão fiscal", disse Franklin.
Além dos 15 representantes da sociedade civil, o conselho ainda terá a participação de quatro ministros (Comunicação Social, Educação, Cultura e Ciência e Tecnologia). Também haverá um representante dos funcionários, a ser escolhido pelos mesmos. A composição apresentada ontem é eclética. Do mundo político, além de Lembo, está no conselho o economista Delfim Netto, hoje no PMDB, ex-ministro dos governos Costa e Silva e João Figueiredo.
Do ramo empresarial, foram convidados Ângela Gutierrez (presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez) e José Martins (vice-presidente do Conselho de Administração da Marcopolo). Também há nomes com pouca ou nenhuma relação com a televisão. Serão conselheiros, por exemplo, Isaac Pinhanta, professor indígena da tribo dos ashaninka, no Acre; Lúcia Willadino Braga, diretora da Rede Sarah de hospitais; Luiz Edson Facchin, advogado do Paraná e ex-procurador-geral do Incra; e Maria da Penha Maia, cearense vítima de agressões por parte do marido que inspirou a Lei Maria da Penha, sancionada em agosto de 2006 e que protege mulheres contra agressões.
A TV pública também será fiscalizada pelo cantor de rap MV Bill, pela carnavalesca Rosa Magalhães, pelo cientista político ligado à esquerda Wanderley Guilherme dos Santos, pelo consultor da TV Globo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, pelo advogado José Paulo Cavalcanti Filho e pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo. A TV inaugura suas transmissões no próximo domingo. Mas a programação da nova rede só deverá estar mais bem definida a partir de março. Os conselheiros escolhidos por Lula terão mandato de dois ou de quatro anos.


Colaborou FELIPE SELIGMAN, da Sucursal de Brasília


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