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Conselho da nova TV pública tem Lembo, Delfim e MV Bill
Entre escolhidos, há empresários, professor indígena e Maria da Penha, que inspirou lei sobre violência contra a mulher
Conselheiros têm poder de interferir na programação e destituir diretores; por isso, governo rebate críticas de que TV será "chapa branca"
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Incumbido da função de fiscalizar a nova rede pública de
TV, o Conselho Curador da instituição reunirá empresários,
um ministro da época da ditadura, um professor indígena,
um cantor de rap e o ex-governador Cláudio Lembro (DEM),
que cunhou a expressão "elite
branca" ao discorrer sobre o
conflito social no país.
Os nomes dos 15 escolhidos
para compor o órgão foram divulgados ontem pelo ministro
Franklin Martins (Comunicação Social). Todos são indicados pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Os conselheiros
não precisam ser submetidos a
voto ou sabatina -estarão oficializados no cargo assim que
seus nomes forem publicados
no "Diário Oficial", o que deve
ocorrer nos próximos dias.
O colegiado do conselho tem
o poder de destituir diretores
da TV e interferir na programação -por isso, é o primeiro elemento citado pelo governo ao
tentar rechaçar as críticas de
que a TV, por estar subordinada à pasta da Comunicação Social, será "chapa branca". "São
nomes que atendem a demanda para que o conselho seja um
órgão fiscal", disse Franklin.
Além dos 15 representantes
da sociedade civil, o conselho
ainda terá a participação de
quatro ministros (Comunicação Social, Educação, Cultura e
Ciência e Tecnologia). Também haverá um representante
dos funcionários, a ser escolhido pelos mesmos.
A composição apresentada
ontem é eclética. Do mundo
político, além de Lembo, está
no conselho o economista Delfim Netto, hoje no PMDB, ex-ministro dos governos Costa e
Silva e João Figueiredo.
Do ramo empresarial, foram
convidados Ângela Gutierrez
(presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez) e José
Martins (vice-presidente do
Conselho de Administração da
Marcopolo). Também há nomes com pouca ou nenhuma
relação com a televisão.
Serão conselheiros, por
exemplo, Isaac Pinhanta, professor indígena da tribo dos ashaninka, no Acre; Lúcia Willadino Braga, diretora da Rede
Sarah de hospitais; Luiz Edson
Facchin, advogado do Paraná e
ex-procurador-geral do Incra; e
Maria da Penha Maia, cearense
vítima de agressões por parte
do marido que inspirou a Lei
Maria da Penha, sancionada
em agosto de 2006 e que protege mulheres contra agressões.
A TV pública também será
fiscalizada pelo cantor de rap
MV Bill, pela carnavalesca Rosa
Magalhães, pelo cientista político ligado à esquerda Wanderley Guilherme dos Santos, pelo
consultor da TV Globo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho,
pelo advogado José Paulo Cavalcanti Filho e pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo.
A TV inaugura suas transmissões no próximo domingo.
Mas a programação da nova rede só deverá estar mais bem definida a partir de março. Os
conselheiros escolhidos por
Lula terão mandato de dois ou
de quatro anos.
Colaborou FELIPE SELIGMAN,
da Sucursal de Brasília
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