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Relator pede a cassação de Paulinho, e votação é adiada
PDT protesta contra o pedido de vista do DEM, pois estava certo da absolvição
Solange Amaral avalia que a abertura de novo processo
contra Paulinho no STF vai permitir a reversão de votos hoje
favoráveis ao deputado
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator do processo contra
o deputado Paulo Pereira da
Silva (PDT-SP), Paulo Piau
(PMDB-MG), pediu ontem a
cassação do mandato dele no
Conselho de Ética da Câmara
por envolvimento no esquema
de desvio de dinheiro do
BNDES. A deputada Solange
Amaral (DEM-RJ), no entanto,
pediu vista e adiou a votação
para a próxima semana.
Parlamentares do PDT protestaram contra o pedido de
vista pois apostavam que os
membros do Conselho de Ética
iriam absolvê-lo. "Havia um
acordo para que o relatório fosse votado hoje", disse Dagoberto Nogueira (PDT-MS).
Solange Amaral acredita que
o surgimento de fatos novos,
como a abertura de um novo
processo contra Paulinho no
Supremo Tribunal Federal,
possa reverter votos que hoje
seriam favoráveis ao deputado.
Reportagem da Folha de ontem revelou que Paulinho é alvo no tribunal de um novo inquérito. A Força Sindical, presidida por ele, é suspeita de lançar mão de alunos fantasmas
para justificar repasses federais que bancaram cursos oferecidos a desempregados.
Paulinho não acompanhou a
reunião -segundo o advogado
do deputado, Leonidas Scholtz,
para não constranger os conselheiros. O deputado foi ontem a
um evento no Planalto e sentou-se na primeira fila. À noite,
participou de jantar de sindicalistas com o presidente Lula.
Em 15 páginas, o relator Paulo Piau apresentou os fatos que
o levaram a concluir que "foi
montado um esquema fraudulento sobre a liberação de verbas pelo BNDES" com a anuência do deputado: "Ele sabia do
esquema fraudulento e o
apoiava antes de ser deflagrada
a Operação Santa Tereza, da
Polícia Federal", afirmou.
Para ele, Paulinho se beneficiou com a atuação de Ricardo
Tosto e de João Pedro Moura.
Tosto era conselheiro do
BNDES na época da liberação
de empréstimos. Moura ocupava o mesmo cargo quando foi
liberado dinheiro à ONG Meu
Guri, presidida pela mulher do
pedetista. O BNDES disse que
não iria comentar o relatório.
Os dois ex-conselheiros não foram localizados ontem.
Segundo o relatório, baseado
em inquérito da Polícia Federal, parte do dinheiro liberado
pelo banco foi distribuída entre
Paulinho e outros integrantes
do esquema. Nove cheques foram identificados pela PF em
contas de pessoas ou ONGs ligadas ao esquema.
Paulinho teria recebido, via
as ONGs Meu Guri e Luta e Solidariedade, quatro cheques no
total de R$ 200.957,93. "Os pagamentos provenientes das
fraudes eram lavados por meio
de movimentação em dinheiro
nas contas de ONGs, doações
simuladas, pagamento de escritório de advocacia", concluiu
Paulo Piau.
A conta da Meu Guri na Caixa Econômica Federal também
registrou, segundo Piau, movimentação atípica para entidade filantrópica, "com muitos
depósitos em dinheiro e em valores elevados". Foram identificados vários depósitos de R$
9 mil, o que, para Piau, indica
"intenção de evitar a notificação ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que ocorre para movimentações acima de R$ 10 mil".
O relatório dividiu o Conselho de Ética. Dos 11 parlamentares que se manifestaram ontem, cinco sinalizaram voto a
favor e seis contra o relator. Esse placar, porém, pode não se
repetir porque quatro dos deputados são suplentes e podem
não votar na semana que vem.
"Não temos direito de transformar o Paulinho da Força em
"Paulinho da Forca". Ele é um
deputado probo, honesto e responsável", diz Wladimir Costa
(PMDB-PA). "Não temos elementos para puni-lo", diz Abelardo Camarinha (PSB-SP).
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