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GOVERNO PETISTA
"Assustado" com a falta de verba, eleito promete não se lamentar
Não haverá recursos para investir em 2003, diz Lula
DA REPORTAGEM LOCAL
Prevendo um ano "difícil", o
presidente eleito, Luiz Inácio Lula
da Silva, afirmou ontem, em São
Paulo, que não haverá verbas para
investimentos devido às limitações impostas pelo Orçamento de
2003 e declarou estar "assustado"
com a ausência de recursos.
"A falta de dinheiro assusta todo mundo", disse ontem, ao deixar o prédio em que mora, em São
Bernardo do Campo (SP). "A peça orçamentária mandada para o
Congresso e aprovada é a mais
apertada dos últimos dez anos.
Ou seja, não tem dinheiro para investimentos. Agora eu tomei como decisão não ficar lamentando a falta de dinheiro."
Aprovado pelo Congresso na
semana passada, o Orçamento da
União para 2003 garante R$ 20,4
bilhões a mais do que o inicialmente programado para os gastos
do primeiro ano do futuro governo. Também foram destinados
R$ 14,2 bilhões para investimentos no próximo ano, praticamente
o dobro do previsto no projeto
enviado pelo Executivo.
"Se você não puder fazer uma
grande coisa, em um primeiro
momento, vai fazendo o possível.
Mas, na hora em que conseguirmos canalizar os recursos existentes para a política social, estou
convencido de que vamos fazer
muita coisa", completou Lula.
Dando prosseguimento ao tom
crítico em relação ao presidente
Fernando Henrique Cardoso, o
petista voltou a dizer que a situação apresentada pelo atual governo está "muito aquém" daquela
encontrada pelos petistas encarregados da transição.
Segundo o presidente eleito, os
números apresentados pela equipe de FHC refletem um esforço do
atual governo para, "obviamente", tentar se "defender".
"Mas não devemos ficar batendo boca. Terminou o período do
governo Fernando Henrique Cardoso. Em vez de ficar chorando o
leite derramando e reclamando do que não foi feito, vamos tratar
de fazer a nossa parte."
Anteontem Lula já havia dito
que os dados divulgados pelo governo federal não eram "satisfatórios" do ponto de vista da situação econômica do país.
Para o petista, que perdeu três
vezes consecutivas a disputa pelo
Planalto, FHC teve seu mandato
julgado pela população ao ser
agora derrotado nas urnas. "O
povo julgou o governo Fernando
Henrique derrotando-o nas eleições. Agora temos de trabalhar."
Reunião ministerial
O petista viaja hoje pela manhã
para Brasília, onde comanda a sua
primeira reunião ministerial. Segundo ele, o futuro ministro da
Fazenda e coordenador da transição, Antonio Palocci Filho, apresentará no encontro o relatório
feito pela equipe responsável pela
análise da administração federal.
"Eu acredito que sobre muita
coisa a gente só vai ter informações exatas depois que tomarmos
posse, depois que os ministros já
estiverem trabalhando", repetiu
ele, que ainda afirmou pretender
estudar ontem o relatório.
Pela manhã Lula foi à Cantina
do Mário, no Ipiranga, onde tomou café com leite e comeu pão
com manteiga preparado na chapa. Depois foi ao barbeiro do qual
é freguês há mais de 15 anos para
aparar a barba e o cabelo. Em seguida, caminhou ao lado do historiador Marco Aurélio Garcia, seu
assessor internacional, até a ONG
petista Instituto Cidadania, onde
ambos se reuniram para discutir
sobre a situação da Venezuela.
Preparando-se para viver em
Brasília, Lula disse que continuará dormindo em sua casa quando
vier à cidade. "Pretendo vir dormir na minha cama. Acho que,
como durmo nela há muito tempo, não tem nada mais confortável do que a cama da gente."
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