|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JANIO DE FREITAS
Mensagem natalina
Se ainda não os recebeu,
dois recados estão a caminho do presidente eleito a partir de origens independentes,
mas com finalidade comum
-e importante, considerada a
persistente e discutível preocupação de setores da sua equipe
com a formação de maioria na
Câmara e no Senado, para
aprovação das reformas pretendidas.
Caso o PMDB se alie à dupla
PSDB-PFL ou, mesmo sem a
aliança, criem-se dificuldades
aos projetos mais significativos para o governo, Luiz Inácio Lula da Silva pode contar
com apoios do PPB e de parte
do PFL. Estas as mensagens,
adequadamente natalinas, de
Delfim Netto e de Antonio
Carlos Magalhães. Ambas
provocadas pelas notícias que
Michel Temer colocou, como
ameaça indireta a Lula, de
que vai conversar com o PFL e
o PSDB para uma possível
aliança, já que o PMDB não
foi integrado ao ministério do
futuro governo.
Os apoios que se vão desenhando, em confirmação à
desnecessidade das negociações que o PT fez em vão com o
PMDB fisiológico, sugerem até
que os petistas possam fazer o
presidente da Câmara sem
precisar dos votos peemedebistas, que seriam retribuídos, segundo as conversas preliminares, pelo apoio petista para
eleição de um presidente do
PMDB no Senado. Nesse caso,
um senador da ala peemedebista representada por Temer.
A repentina pressa com que
o PMDB passa a cobrar a confirmação, pelo PT, do acordo
para as presidências no Congresso só tem uma interpretação: os peemedebistas constataram que o PT tende a não
precisar ou já não precisa do
acordo. E, na disputa aberta, o
presidente do Senado pode até
ser um peemedebista, mas não
do grupo que tem controlado o
partido.
O adequado
Deixar a Lula da Silva a decisão de sancionar o foro privilegiado para ex-governantes
acusados de improbidade foi
uma hipótese muito considerada na Presidência, mas continha um inconveniente: precisava da concordância de Lula.
Não houve outro jeito: "Eu
sanciono" -comunica Fernando Henrique. "Não tem
sentido que um ex-ministro,
um ex-presidente tenha que
responder, por perseguição política, processo que não tem
nenhum fundamento."
Aí está uma acusação "que
não tem nenhum fundamento". Como sabe Fernando
Henrique, juízes de primeira
instância, todos atingidos pela
acusação, não são instrumentos de perseguição política. Se
algum se prestar a sê-lo, a norma é que os magistrados de segunda instância, todos também atingidos pela acusação,
façam o reexame em atenção
a recurso do acusado.
Além disso, perseguição política é própria do poder. E o poder exercido pelo governo de
Fernando Henrique Cardoso
não deixou de criar processo
por mera perseguição política,
em pelo menos um caso de vindita por críticas. O que fica para ser contado mais adiante.
Em outro trecho, Fernando
Henrique dá melhor explicação, quando diz que o foro privilegiado "é adequado". Não
diz a quê, porque nem é preciso. É adequado a quem está
sob processo de improbidade
com o fundamento de gravações e outras provar de intervenção deformadora em concorrências de privatização, para favorecer um dos candidatos.
Texto Anterior: Benedita diz que terá papel "articulador" Próximo Texto: Justiça: Foro especial deve ser contestado no STF Índice
|