São Paulo, quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

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JANIO DE FREITAS

Em boa hora


A gentileza do presidente será completa se a sua fala não for preparada por um dos escribas palacianos, mas de improviso


O FIM DE ano (ou o ano mesmo?) está salvo: o presidente vai falar ao país "ainda nesta semana". Estávamos tão ansiosos por ouvi-lo, passado todo este ano de ausência do seu rascante equilíbrio e da veracidade imperturbável, que ficou justificada a reunião ministerial onde surgiu a informação aos presentes, e não surgiu mais nada.
O sempre atento jornalismo noticiou que o presidente fez aos ministros uma exposição dos resultados positivos do ano. A notícia é tão interessante quanto a própria reunião, porque os ministros é que dão ao presidente as informações que acaso tenha do seu governo e, se inevitáveis, do país.
A gentileza do presidente será completa, e ainda mais adequada a um final leve do nosso ano, se a sua fala não for preparada por um daqueles fracotes escribas palacianos, mas de improviso. Bem autêntica e farta, porque essa fase do ano é a estação de seca para o jornalismo.

Toma lá
A já noticiada retaliação ao senador Mozarildo Cavalcanti, por sua ausência quando votada a CPMF (foi ao enterro do governador de seu Estado, Roraima), não ficará só no castigo da transferência imposta ao seu genro pelo advogado-geral da União, José Antônio Toffoli. Há expectativa de tréplica, e menos pessoal. O senador diz contar com 41 assinaturas de colegas, portanto a maioria do Senado, para requerer ao procurador-geral da República investigação sobre os métodos de aliciamento praticados pelo governo, entre parlamentares.
Não é só pela dinheirama liberada para as tais emendas orçamentárias que se fazem os atrativos e as retribuições. Antes de dificultadas por decisão judicial, com aplicações ainda pesadas houve, também, a busca de transferência entre partidos, para aumentar a tropa governista. Só no Senado, houve seis dessas transferências.
A prometida designação no dia 10 de janeiro, como ministro de Minas e Energia, do senador Edson Lobão retribui sua transferência do oposicionista DEM para a banda mais governista do PMDB.

O reformador
Informa-se que o presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, que quase perdeu seu vôo para a Bahia por má informação de horário pela própria Infraero, já tomou uma decisão para resolver o problema constatado: a Infraero deixará de informar horários, o que fica como obrigação só das empresas aéreas. Em vez de corrigir e melhorar o serviço ao público, extingue-o.
Se é o caso de acabar com o que não vai bem, e sua administração não foi capaz nem de melhorar a simples informação de horários, Gaudenzi deve auto-aplicar o seu método e acabar com sua presidência. Depois de acabar com a Infraero.


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