São Paulo, sábado, 27 de dezembro de 2008

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Preocupados, militares buscam aproximação com o "Evo" do Amazonas

Wilso Nogueira/"A Crítica"
O índio Pedro Garcia (PT), prefeito eleito no Amazonas

DA REPORTAGEM LOCAL

O Exército está atento a mudanças históricas em curso no cenário político de São Gabriel da Cachoeira (AM). Com a maior população indígena do país -cerca de 85%- e localização estratégica na fronteira com Colômbia e Venezuela, o município terá como prefeito, a partir de 1º de janeiro, o índio tariano Pedro Garcia (PT), 47. O fato inédito na história da cidade já enseja paralelos com o presidente boliviano, Evo Morales.
Guardadas as proporções, há algumas semelhanças. Garcia, como Morales, começou a carreira política no movimento étnico. Em São Gabriel, como na Bolívia, o governo estava nas mãos da elite branca, e os índios marginalizados. A insatisfação promoveu a mudança.
Garcia está ciente das comparações, e "trabalha com cuidado". "A discriminação é visível, mas prometo governar para todos, índios, brancos e negros", disse à Folha. Garcia diz que na cidade o poder econômico "domina" e "a democracia não é levada a sério", mas que sua eleição é fruto "da maturidade do povo".
Na caserna, o sentimento é de curiosidade e preocupação -em 2006, Morales ocupou a refinaria da Petrobras em território boliviano. A estratégia com Garcia é de aproximação.
O indígena foi convidado a participar de um almoço tradicional entre militares da ativa e da reserva. "Eu o tratei como prefeito eleito com toda a consideração", disse o comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno. "É importante que ele tenha humildade para aprender", afirmou. (CDS)


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