São Paulo, domingo, 27 de dezembro de 2009

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Produtores de arroz dizem que colheita caiu 52%

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BOA VISTA
DA ENVIADA A BOA VISTA

Para os arrozeiros expulsos da reserva Raposa/Serra do Sol (RR), a solução encontrada para continuar produzindo foi arrendar, por até R$ 200 o hectare, terras fora da reserva.
Mesmo assim, eles dizem que diminuíram, em média, sua área plantada de arroz em 58% na safra de 2009, quando comparada com a de 2008.
Se na anterior foram 25 mil hectares, na atual são 12 mil. A colheita caiu 52% (de 3,125 milhões de sacas para 1,5 milhão de sacas). No total, o valor da safra será de R$ 66,5 milhões, R$ 71 milhões a menos.
Os produtores, que em seu auge foram responsáveis por cerca de 6% do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado, em 2009 devem ter uma participação inferior a 3% no índice.
Para piorar, eles têm de enfrentar as multas aplicadas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e pelo governo de Roraima por supostos crimes ambientais, que somam cerca de R$ 90 milhões. Todas são passíveis de recursos.
Ainda assim, nos arredores da capital do Estado, Boa Vista, onde ficam as usinas dos rizicultores, o movimento não parece muito diferente da época em que os arrozeiros ainda ocupavam a reserva.
As únicas lembranças da expulsão são os pátios, agora cheios de maquinário agrícola, parado e enferrujando. Tudo foi retirado das antigas fazendas -nas quais hoje moram índios, mas que já não são utilizadas para o plantio maciço.
Paulo César Quartiero, principal líder dos arrozeiros, é o único dos seis produtores que não está plantando. Por enquanto, espera a decisão da Guiana sobre a possibilidade de ir produzir no país vizinho. Ele considera o arrendamento de terras um mau negócio.
Ele chegou a se reunir no segundo semestre deste ano com Bharrat Jagdeo, presidente da Guiana, que tenta atrair novos investidores estrangeiros.
Para Nelson Itikawa, presidente da Associação dos Arrozeiros de Roraima, a logística de trazer os produtos de volta ao Brasil torna o negócio arriscado. Além disso, a Guiana "emprestaria" as terras, não as cederia completamente. Segundo ele, há desânimo em "começar tudo de novo" em outro país. (JCM E MB)


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