São Paulo, domingo, 27 de dezembro de 1998

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PAINEL

Posição frágil
Com a saída de Eduardo Jorge e a desistência de FHC de criar a Secretaria de Governo, Clóvis Carvalho (Casa Civil) passa a reinar sozinho no Planalto. Ficou sem competidores, mas também virou um alvo fixo ao se tornar o único anteparo de FHC.
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Só pensam grande
Logo após a última derrota do governo no Congresso, peemedebistas e pefelistas da Câmara disseram que FHC deveria ter um anteparo no Planalto, para fazer a coordenação política. Mas mudaram de idéia quando o presidente quis criar a Secretaria de Governo e dá-la a um tucano.
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Caiu da cama
Padilha (Transportes) também bombardeou a criação da Secretaria de Governo. O ministro sonha em exercer o papel de articulador político que Serjão tinha nas Comunicações, vaga destinada a Pimenta da Veiga.
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República loteada
Do tucano Alberto Goldman (SP), que sonhava em ser ministro, sobre as mudanças que FHC teria feito no desenho original do ministério para atender às demandas políticas: "O organograma virou um "partidograma'."
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Reta de chegada
Jungmann (Política Fundiária) ganhou a queda-de-braço com o tucano Milton Seligman (Incra) nos dez dias anteriores à divulgação do ministério. Motivo: anunciou e levou os louros pelo suposto fechamento de um empréstimo de R$ 1 bi do Banco Mundial para o Banco da Terra.
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Rixas federais
O Planalto jogou na acomodação ao deslocar Milton Seligman para a secretaria-executiva do Comunidade Solidária. De um só tacada, acaba com duas brigas: a de Milton com Jungmann (Política Fundiária) e a de Ana Peliano com Ruth Cardoso.
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Penou
No final de semana passado, quando viu que seria impossível trazer Mendonção de volta ao governo, o presidente desabafou com um auxiliar: "Como é difícil encontrar um ministro (para a pasta do Desenvolvimento)".

Temporada de traições
Passada a reforma do ministério, a guerra entre os partidos agora é para roubar futuros parlamentares uns dos outros. PSDB e PFL estão de olho no PMDB, que emagreceu nas urnas e pode ficar raquítico a partir de fevereiro, quando tomam posse os novos congressistas.
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Dança das siglas
Tucanos dizem que o governador eleito de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, estaria de malas prontas para deixar o PMDB e ingressar no PSDB e que levaria junto o seu grupo político.
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Acumulando força
O presidente do PMDB, Jader Barbalho, teve de suar para segurar na sigla o senador Ronaldo Cunha Lima, que está brigado com o governador e correligionário José Maranhão (PB). PFL e PSDB andam fazendo acenos para Cunha Lima e seu grupo.
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Operação debandada
As negociações para a formação de um bloco entre PTB e PL na Câmara estão sendo acompanhadas de perto por deputados pepebistas. Muitos deles estão de malas prontas, procurando uma alternativa à canoa malufista.
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Marcação cerrada
Explicação de pefelista baiano sobre a troca de Raimundo Brito por Rodolfo Tourinho na capitania das Minas e Energia, cujo donatário é ACM: "Um pouquinho de autonomia" de Brito em uma ou outra rara ocasião.
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Pendura tucano
Itamar espalha que a administração "paradigmática", segundo FHC, do tucano Azeredo deixará um débito de R$ 500 mi com a caixa previdenciária da PM de Minas. Além da dívida consolidada de R$ 19 bi e de outros R$ 4 bi, que ainda precisam ser negociados com a Fazenda.
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Contrabando de água
A companhia de abastecimento de Pernambuco detectou um caso inédito, em plena região da seca: empresários estavam desviando água das adutoras públicas para uso em suas fazendas.
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² TIROTEIO

De Paulo Paim (PT-RS), sobre a nomeação do pepebista Francisco Dornelles para o Ministério do Trabalho:
- Dornelles será um interlocutor dos empresários e não do trabalhador. Vai ser um ministro da Indústria e Comércio. Ele só aceitou por causa do dinheiro do FAT, que vai administrar com a visão do empresariado.


CONTRAPONTO

Pediu para ouvir
Acusado por adversários janistas de pautar sua vida pública pelo lema "rouba, mas faz", Adhemar de Barros (SP) foi um dos governadores que apoiou o golpe militar, em abril de 1964.
Dois anos depois, Adhemar estava indisposto politicamente com o regime. Em junho de 66, acabou tendo seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos por 10 anos.
Seus adversários aproveitaram para espalhar a versão de que o motivo da cassação era a sua corrupção. E uma história entrou para o folclore do político:
Dias antes da cassação, Adhemar, prenunciando o pior, teria ido ao vale do Anhangabaú fazer um comício. Durante o evento, indignado, bateu teatralmente com a mão na calça e disse:
- Aqui neste bolso nunca entrou um centavo de dinheiro público!
Um janista, na frente do palanque, aproveitou a deixa:
- Calça nova, hein governador!?

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