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Invasão de fazenda cresce
da Agência Folha, em Paranhos
O desemprego em massa de
índios nas usinas de álcool de
Mato Grosso do Sul vem agravando os problemas internos
das aldeias e fazendo intensificar as invasões de fazendas
consideradas indígenas, segundo Funai e Cimi (Conselho Indigenista Missionário).
Em 1998, foram três ações do
gênero, que os índios chamam
de "retomadas", mobilizando
cerca de 1.150 índios guaranis e
caiuás. No ano passado, os índios não fizeram nenhuma dessas "retomadas".
"Há 44 mil índios guaranis
para 34 mil hectares no Estado.
Com o desemprego, essa terra
fica ainda menor. Isso acaba levando às retomadas", disse o
assessor jurídico do Cimi,
Mausir Pauletti, 38.
Em Paranhos (cerca de 450
km de Campo Grande), o líder
da invasão de 33 chácaras, que
hoje ocupam uma área reconhecida pelo governo federal
como terra tradicional guarani,
Otávio Reis, 41, chegou a trabalhar dois meses no corte de cana-de-açúcar no ano passado.
Pai de 12 filhos, Otávio Reis
disse que o salário era pequeno
e, o trabalho, "sofrido e não levava a nada".
A área invadida, chamada pelos índios de Potrero Guassu,
estava ocupada por pequenos
produtores que, em sua maioria, haviam comprado a terra
dos primeiros assentados em
lotes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária). Os índios continuam
no local.
Na usina Debrasa, em Brasilândia, os índios cumpriram o
último dia de trabalho em 18 de
dezembro, sem perspectivas de
um novo emprego.
Por orientação dos líderes, os
1.100 índios não deverão ser recontratados este ano.
O índio guarani Paulo de Oliveira, 23, disse que tentaria ser
pintor de parede em Dourados
(224 km de Campo Grande), cidade vizinha à sua aldeia.
Além da perda do emprego,
onde ganhava líquidos R$ 11
por dia, Paulo viveu, nos últimos dias na usina, uma tragédia familiar: seu irmão Adeir,
22, se matou engolindo veneno. Adeir também era cortador
de cana na Debrasa.
Paulo não sabe dizer a razão
da morte. "Só me telefonaram
sete dias depois aqui para a usina. Aí, eu não podia fazer nada", disse o índio.
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