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Órgãos do governo discordam de
conclusões de pesquisa do Ipea
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo em peso discordou
das conclusões apresentadas no
estudo do economista Carlos Alberto Ramos, publicado pelo
Ipea.
"A hipótese de que o recurso ao
atendimento privado aumentou
porque o serviço público deteriorou é puro chute e bem longe do
gol", afirmou o ministro da Saúde, José Serra.
Para o diretor de Estatísticas e
Informações Educacionais do Ministério da Educação, João Batista
Gomes Neto, "se a conclusão de
Ramos estivesse correta, isso significaria que o Plano Real deixou
todo mundo rico. Todo mundo
passou a comer frango e a poder
pagar escola privada".
No caso da saúde e da educação,
o governo concorda que a parcela
da população de baixa renda
atendida pelo serviço público aumentou em relação à parcela mais
rica.
Mas, segundo eles, isso não significaria que os mais ricos evitaram o serviço público devido a
sua baixa qualidade.
Para o ministro Serra, o próprio
estudo demonstra que o gasto público atende preferencialmente os
mais pobres, contrariando "teses
neoliberais em voga, segundo as
quais o sistema público atenderia
mais os mais ricos".
Membros do governo têm enfatizado, em declarações, a necessidade de que os gastos sociais sejam cada vez mais voltados para
os mais pobres.
A secretária de Assistência Social, Wanda Engel, sempre repete
que muitos dos gastos ditos sociais não atendem os mais pobres.
Um exemplo são os investimentos em universidades públicas,
que beneficiam, sobretudo, os
mais ricos.
Serra fez questão de enfatizar
que o estudo se refere apenas à região metropolitana de São Paulo.
"Não representa o Brasil", disse o
ministro.
Segundo ele, a desorganização
provocada pelo sistema de atendimento público municipal, o
PAS (Plano de Assistência à Saúde), pode ter tido um impacto negativo.
Serra afirmou que, para a região
metropolitana de São Paulo, os
indicadores de saúde melhoraram muito.
Para tentar explicar o comportamento, o ministro defende que
a expansão do número de associados em planos de seguro-saúde, sobretudo nos programas pagos por empresas, pode ter sido
um fator para o uso da rede privada aumentar.
Queda na repetência
No caso da educação, Gomes
Neto afirma que os dados com
que trabalha não demonstram a
existência de uma fuga da escola
pública.
Segundo ele, somente as matrículas na rede pública entre a primeira e quarta série diminuíram.
"Isso aconteceu porque diminui a
repetência", diz ele.
Como na escola privada o número de matrículas se manteve,
proporcionalmente teria havido
um aumento da participação da
rede privada sobre a pública, argumenta ele.
"Isso não quer dizer que a qualidade caiu e as pessoas deixaram
de frequentar a rede pública. Aumentou foi a eficiência da aprovação nas escolas públicas", afirmou.
(AS)
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