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Stanley Fischer, segundo homem do Fundo, diz que PIB deve crescer 3,5%, contra 4,2% previstos em 2000
FMI prevê nova baixa na economia global
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
A economia mundial perderá
quase um terço do Brasil (ou algo
em torno de US$ 210 bilhões) este
ano, como consequência da redução em seu crescimento, provocada essencialmente pela desaceleração da economia norte-americana.
A conta surge da informação de
que o FMI (Fundo Monetário Internacional) vai reduzir de 4,2%
para algo em torno de 3,5% a sua
previsão de crescimento econômico global para 2001. Foi o que
disse ontem, em Davos, o vice-diretor-gerente do Fundo, Stanley
Fischer.
A previsão de um crescimento
de 4,2% constava do "Panorama
Econômico Mundial", conjunto
de estudos e estatísticas lançado
em setembro pelo FMI, durante
sua assembléia-geral em Praga
(República Tcheca).
Ou seja, em quatro meses, o
Fundo corta 0,7 ponto percentual
do crescimento global, o que mesmo o sempre cauteloso e otimista
Fischer considera "significativo".
Sem recessão global
O que o segundo homem do
FMI afastou foi a hipótese de uma
recessão global ou mesmo da economia norte-americana. Fischer,
assim como a esmagadora maioria dos economistas e das autoridades presentes em Davos, acha
que a economia dos EUA passará
um primeiro semestre complicado, mas retomará o crescimento
na metade final do ano.
Claro que esse relativo otimismo depende de o Fed, o banco
central dos EUA, cortar ainda
mais os juros, como já o fez no início do mês, quando baixou a taxa
básica em meio ponto percentual
numa reunião extraordinária.
Para Fischer, há espaço para o
Fed cortar até cinco pontos dos
juros (que caíram no início de janeiro para 6%), "sem provocar
pressões inflacionárias".
Mas o funcionário do FMI teve
o cuidado de dizer que não considera necessário um corte dessa
extensão. Se não avisasse, poderia
ficar a impressão de que o Fundo
Monetário Internacional está tão
preocupado com a economia
norte-americana que gostaria de
ver os juros reduzidos a perto de
zero.
"A agressiva ação tomada pelo
Fed no começo do mês é uma das
principais razões para acreditar
que a retomada virá razoavelmente depressa, o que significa
que a desaceleração terá a forma
de um vê" (uma perna apontando
para baixo e, a outra, para cima),
explica o economista.
Europa
Quanto à Europa, Fischer louvou sua posição econômica, qualificando-a de "bastante forte",
mas, mesmo assim, não deixou de
insinuar que, como as pressões
inflacionárias devem permanecer
moderadas, "há espaço para cortes nos juros, se a atividade econômica se enfraquecer ou o euro se
valorizar substancialmente".
O BCE (Banco Central Europeu) já havia sido bombardeado
com sugestões para o corte de juros, assim que o Fed norte-americano tomou a sua decisão. Mas os
diretores do banco que estão em
Davos já descartaram a hipótese
pelo menos para o curto ou médio prazo.
Já a terceira grande economia
do planeta, a do Japão, continua
sendo vista como um caso de coma profundo, a ponto de até o seu
primeiro-ministro, Yoshiro Mori,
ter dito ontem que os anos 90 foram "uma década perdida" para o
seu país.
Bastante perdida, aliás: pelas
contas de Mori, os japoneses perderam cerca de 1 quatrilhão de ienes ou US$ 8,55 trilhões, como
consequência da queda de preços
de ações e da terra. É um valor
equivalente ao dobro do tamanho
do PIB japonês (Produto Interno
Bruto, medida da produção de
bens de uma economia).
Fischer, do FMI, reconhece que
há pouco espaço de manobra para o governo japonês, para estimular a economia, na medida em
que os juros já são zero.
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