|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Organizações de pequenos agricultores e sem-terra articulam movimento contra OMC e por subsídios em Porto Alegre
MST articula "internacional camponesa"
RICARDO GRINBAUM
THOMAS TRAUMANN
ENVIADOS ESPECIAIS A PORTO ALEGRE
Líderes de movimentos sem-terra e de organizações de pequenos agricultores de cerca de 30
países articulam-se em Porto Alegre para colocar nas ruas um tipo
de "internacional camponesa".
Todos os principais representantes de movimentos de agricultores que participam do Fórum
Social Mundial estão hospedados
no mesmo endereço, o Convento
dos Capuchinhos. Ali, os cerca de
150 militantes se reúnem todas as
noites para tratar do futuro do
movimento. Entre eles, estão os
sem-terra brasileiros, camponeses mexicanos e militantes indianos que representam 100 milhões
de agricultores em seu país.
O primeiro projeto já está acertado: no dia 17 de abril, sem-terra
e agricultores de vários países pretendem fechar estradas com tratores, parar navios nos portos e
trens nas fronteiras com o objetivo de protestar contra a importação de alimentos.
Esse é um dos quatro pontos comuns da agenda política dos agricultores, que pertencem a uma
organização internacional chamada "Via Campesina", que está
presente em mais de cem países.
O MST é o anfitrião da "internacional camponesa".
A Via Campesina é uma Organização Não-Governamental que
reúne entidades como o MST e a
Federação dos Camponeses Franceses, de José Bové, que em 1999
destruiu uma lanchonete do
McDonald's no Sul da França para protestar contra a globalização.
A organização é contra a importação de alimentos e defende que
toda a produção agrícola seja voltada para o mercado interno. Segundo seus líderes, a medida beneficiaria os pequenos agricultores e ajudaria a eliminar a fome
nos países pobres.
Outro ponto da agenda comum
é a defesa de subsídios agrícolas.
Essa ajuda financeira deveria ser
destinada, segundo os militantes,
apenas para os agricultores que
vendem seus produtos no próprio
país e não para exportação.
Além disso, os líderes da Via
Campesina defendem a realização de reforma agrária nos países
do hemisfério Sul e o fim das
atuais regras de comércio internacional, incluindo a OMC. Se depender da Via Campesina, os
acordos comerciais serão feitos
caso a caso, entre os dois países
envolvidos nas negociações.
"Se houver sobra de um alimento num país haveria uma troca
com outra nação, mas sem a tutela da OMC, que representa o interesse dos países ricos como os Estados Unidos", diz Stédille.
Protesto
Logo depois do protesto de anteontem em fazenda da multinacional Monsanto, o líder do MST,
João Pedro Stédile, havia afirmado que continuaria com as ações
contra lavouras de transgênicos.
Nos debates de biotecnologia,
os alvos também foram as empresas multinacionais. O italiano Riccardo Petrella, da Universidade
de Louvain, na Bélgica, arrancou
dois minutos de aplausos de 400
pessoas, ao defender o fim das patentes das empresas de biotecnologia. "A privatização do conhecimento joga nas mãos de um grupo de empresas o destino de toda
a humanidade. É inaceitável".
Marcel Mazoyer, do Instituto
Nacional de agronomia da França, afirmou que "os benefícios das
novas espécies (geneticamente
modificadas) não pode ser feita
com fim da propriedade do conhecimento dos agricultores a favor das multinacionais".
Ontem o MST distribuiu em supermercados das capitais panfletos com uma relação de 15 produtos que possuem transgênicos em
sua composição mas não informam isto na embalagem, o que é
proibido pela lei brasileira. A relação repete duas análises de laboratório feitas em junho e setembro pelas ONGs Greenpeace e
Idec (Instituto Brasileiro de defesa do Consumidor.
Texto Anterior: Utopia do dia Próximo Texto: Porta-voz das Farc é proibido de falar no Fórum Índice
|