São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

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Público se divide entre esperança e desilusão

DOS ENVIADOS A PORTO ALEGRE

Havia ontem petistas tanto no grupo favorável quanto no grupo contrário ao presidente Lula.
Vinicius Codeço, 25, bancário do Rio de Janeiro, protestava misturado aos manifestantes do PSOL e dos grupos de esquerda. Sônia Lucena, 51, professora universitária de Pernambuco, que acompanhava o discurso sentada num dos primeiros degraus da arquibancada do Gigantinho, amarrou uma camisa "100% Lula" na frente da que vestia.
Para Codeço, que diz ter sempre sido militante do Partido dos Trabalhadores, o governo Lula não está mais em disputa entre "progressistas e a burguesia" e acabou assumindo um perfil exclusivamente conservador.
"A gente fez a campanha do Lula. Desde 89 que ele vem fazendo concessões progressivas para a burguesia. Imaginamos que seria um governo de disputa, mas agora vemos que nem o PT nem o governo estão mais em disputa", afirmou Codeço.
Para Lucena, professora da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), é preciso dar tempo ao presidente.
"Mesmo considerando que algumas coisas não me agradam, tenho que lutar para que ele cumpra o que prometeu", ela disse, sentada a poucos metros dos manifestantes do PSOL. "E não dá para ser oposição pouco depois de ele tomar posse."
Pouco depois do início do discurso do presidente, dois manifestantes de um grupo chamado "Crítica Radical" foram retirados à força do ginásio. Do lado de fora, ambos foram jogados no chão, imobilizados e depois retirados da presença da imprensa e dos manifestantes do PSOL e do PSTU que protestavam do lado de fora do Gigantinho.
"É inadmissível que um governo que se diga democrático faça isso", afirmou o presidente do PSTU, José Maria, do alto de um carro de som.
Segundo a Brigada Militar, eles foram detidos sob a acusação de "conduta inconveniente" por terem tentado atirar ovos no presidente. Regina Célia Zanetti, integrante do grupo, afirmou que eles estavam apenas vaiando Lula.


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