São Paulo, segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

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Deputado pedirá depoimento de ex-agente sobre Goulart

Para Miro Teixeira, declarações são "consistentes"

SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ) disse ontem que as declarações do ex-agente do serviço de inteligência do governo uruguaio Mario Neira Barreiro sobre a morte do presidente João Goulart (1918-1976) são "consistentes" e precisam ser investigadas.
Teixeira pedirá que a Procuradoria Geral da República determine ao Ministério Público Federal que tome depoimento de Barreiro, preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (RS).
A Folha publicou ontem entrevista com o uruguaio, na qual ele afirma que espionou Jango por quatro anos e que ele teria morrido envenenado por determinação do então presidente do Brasil, general Ernesto Geisel (1908-1996).
De acordo com o relato de Barreiro, o serviço de inteligência do Uruguai trocou remédios de Jango por uma substância envenenada, causando sua morte em 6 de dezembro de 1976, quando estava na fazenda La Villa, na Argentina.
"A primeira coisa necessária é tomar um depoimento oficial dele, porque fala coisas muito relevantes. Vou redigir na terça-feira, quando voltarei a Brasília, um procedimento administrativo à Procuradoria Geral da República, que, tenho certeza, irá deferir o pedido para que o ex-agente seja ouvido pelo Ministério Público Federal", afirmou Teixeira.
O deputado disse que é preciso cruzar informações oficiais da época com o depoimento de Barreiro e, então, fazer uma investigação profunda.
"Seu depoimento é imprescindível. Temos que analisar suas declarações e ver se o que disse de fato é verdade e, então, partirmos para uma linha de investigação que terá vários rumos. Chegar ao assassinato de Jango é um caminho a ser percorrido", disse.
Em 2000, a Câmara dos Deputados instalou uma comissão para investigar as circunstâncias da morte de Jango.
As investigações duraram um ano e quatro meses e sugeriram a possibilidade de que Jango tenha sido assassinado, apesar de não haver provas que confirmem essa tese.
O relatório, elaborado por Miro Teixeira, diz que o presidente era vigiado no exílio, quando viveu de 1964 a 1976 entre Uruguai e Argentina.


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