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Planalto decide adiar veto a emendas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva cedeu à pressão dos parlamentares aliados e adiou por 30
dias a decisão sobre o cancelamento dos R$ 6,8 bilhões de "restos a pagar" (recursos contratados e ainda não pagos) do Orçamento da União do ano passado.
Esse dinheiro atende principalmente às emendas dos deputados
e senadores, que financiam pequenas obras nos seus redutos
eleitorais. A pressão de parlamentares foi feita diretamente ao ministro José Dirceu (Casa Civil) durante a visita que fez ao Congresso
na última quarta-feira.
Durante um mês, o governo vai
analisar os convênios assinados
no ano passado e definir critérios
para as possíveis liberações. A Comissão de Orçamento defende
que sejam atendidas primeiro as
obras já concluídas e depois as
obras que já estão em andamento.
Na semana seguinte à do Carnaval, os ministros Antonio Palocci
Filho (Fazenda) e Guido Mantega
(Planejamento) irão à Comissão
de Orçamento para decidir os critérios que serão adotados nas liberações de recursos.
Apesar de representar um alívio, o adiamento da decisão sobre
os "restos a pagar" não tranquiliza nem os parlamentares governistas, porque sabem que não haverá dinheiro para executar nem a
metade das obras contratadas.
Para atingir o superávit primário de 4,25% do PIB, o governo
cortou os investimentos deste ano
de R$ 14,5 bilhões para R$ 3,9 bilhões -pouco mais da metade do
total de "restos a pagar".
O deputado Sérgio Miranda (PC
do B-MG), especialista em Orçamento, afirmou que o problema
dos "restos a pagar" é antigo. "São
a herança maldita do governo
FHC. São os esqueletos que vão
aparecendo", diz.
Ele lembra que, em 2002, o governo executou R$ 4,58 bilhões do
Orçamento do ano em investimentos. Mas também pagou outros R$ 7,8 bilhões dos "restos a
pagar" de 2001.
"Nós estamos sempre executando o Orçamento do ano anterior",
completa o deputado.
Obras em andamento
Ricardo Barros (PPB-PR), que
foi vice-líder do governo FHC na
Comissão de Orçamento no ano
passado, tem esperanças de garantir pelo menos as obras em andamento. "Não faz sentido deixar
uma obra pela metade. As obras
que não foram iniciadas não devem ser atendidas mesmo."
Como o Orçamento da União
de 2003 foi aprovado pelos congressistas da legislatura passada, a
maioria dos recursos previstos
nos "restos a pagar" derivam de
emendas de parlamentares do
PFL, PMDB e PSDB.
A metade deles não foi reeleita,
mas continua a pressão dos prefeitos que seriam beneficiados pela obras. As emendas devem ganhar novos padrinhos neste ano.
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