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São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

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Assessor usou meu nome para se livrar, diz ex-funcionário da TIM

LEONARDO WERNER
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE

O ex-funcionário da operadora de telefonia celular TIM Maxitel Mauro Alexandre Alves da Cruz, citado no inquérito que apura os grampos ilegais na Bahia, afirmou ontem que seu nome foi incluído de maneira indevida no processo.
Cruz foi citado no depoimento que o assessor da Secretaria da Segurança baiana Alan Farias deu, na última segunda-feira, à Polícia Federal em Salvador. Farias declarou à PF que, entre agosto e setembro do ano passado, Cruz lhe solicitou um ofício com data retroativa que justificasse um grampo instalado meses antes.
"O que não pode é um cara como o Alan, para se livrar, e tranquilamente instruído por um advogado, colocar meu nome no meio disso", disse à Agência Folha, por telefone.
Cruz diz que trabalhou por três anos na TIM, como analista de segurança corporativa, e que não trabalhava mais na operadora no período em que os ofícios foram supostamente pedidos.
"Eu saí em junho, ou julho, não me recordo. Os casos começaram a ser divulgados há menos de um mês", afirmou Cruz, que mora em Belo Horizonte.
De acordo com Gesival Gomes de Souza, o delegado da Polícia Federal responsável pelo inquérito, Cruz teria sido demitido em dezembro do ano passado, juntamente com outros dois funcionários supostamente envolvidos no caso investigado.
O ex-funcionário da TIM afirmou que ficou sabendo que seu nome havia sido envolvido no escândalo na noite de anteontem, por meio de telejornais.
"Não consegui dormir direito. Acordei e fui à TIM cobrar esclarecimentos. A empresa falou que contrataria um advogado para me defender", disse ele, que afirmou ter sido orientado pela TIM a não dar declarações sobre o caso.
Anteontem, a TIM informou que a demissão de Cruz e dos outros funcionários da empresa não tinha relação com o caso dos grampos. O ex-funcionário diz também que sua demissão da empresa não se relaciona com a divulgação dos casos dos grampos telefônicos.

Depoimento
Cruz deverá ser chamado a depor à Polícia Federal na próxima semana, após o Carnaval,quando as investigações serão retomadas.
"Por mim, falaria agora. A PF não tem que me tratar como foragido. Tenho endereço fixo. Vou para onde eles quiserem e mostro que todos os meus procedimentos foram legais", disse.
Alexandre Cruz disse ainda que não era ele o responsável pela implantação das escutas.
"Minha área era a patrimonial. Cuidava de áreas do interesse da empresa. Quem implantava [as escutas telefônicas" era outro funcionário, de outra área", afirmou o ex-funcionário, que disse não se recordar do nome de quem fazia o serviço na TIM.


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