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Senado atende aos grandes e muda Fundo Partidário
Nova proposta fixa em 5% o montante do fundo a ser dividido por todas as legendas
Projeto passou por Câmara e por Senado em um prazo de apenas 19 dias; pequenas siglas, como PC do B, PSOL e PRB, protestaram contra a lei
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Atendendo a interesses dos
grandes partidos, o Senado
aprovou ontem alteração nas
regras de distribuição de recursos do Fundo Partidário, composto por dinheiro público. O
projeto de lei, que desagradou
às pequena siglas, foi encaminhado à sanção presidencial. O
placar da votação foi de 54 votos a 4 e uma abstenção.
A medida foi uma reação ao
Judiciário, que no início do mês
havia mudado a forma de partilhar esses recursos. Os principais prejudicados eram os
grandes PMDB, PT, PSDB, PFL
e PP, cujos repasses mensais
cairiam em pelo menos R$ 500
mil para cada um deles.
A proposta aprovada ontem
fixa em 5% o montante do fundo a ser dividido igualitariamente por todos os partidos registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Os 95% restantes serão distribuídos de
forma proporcional, de acordo
com os votos obtidos para a Câmara dos Deputados nas últimas eleições.
Originalmente apenas 1% do
fundo era repartido entre todas
as siglas, independentemente
de cada uma ter ou não eleito
deputado federal. A decisão do
TSE aumentava esse bolo a ser
rateado para 42%, o que gerou
o descontentamento dos grandes partidos.
O projeto passou pela Câmara e pelo Senado em um prazo
de 19 dias após sua apresentação, sendo que nesse período as
duas Casas ficaram uma semana sem trabalhar devido ao
Carnaval. Para os padrões do
Congresso, a tramitação foi rápida, mesmo para uma matéria
em regime de urgência.
Representantes de pequenos
partidos, como PRB, PC do B e
PSOL, protestaram contra a votação do projeto de lei.
Reação
"A democracia jamais será
democracia se não tivermos os
partidos pequenos. Vamos querer um condomínio de grandes
partidos para dividir dinheiro
público e se perpetuar no poder?", questionou o senador
Marcelo Crivella (PRB-RJ). Ele
afirmou que vai tentar a impugnação da medida no TSE e recorrerá ao STF (Supremo Tribunal Federal).
A exceção foi o PSB, que mesmo sendo um partido de tamanho médio apoiou o projeto. "A
proposta não altera muito o
que tínhamos antes da decisão
do TSE, até melhora um pouco
a situação", afirmou o líder do
partido, senador Renato Casagrande (ES).
Já integrantes de grandes legendas afirmam que o ato do
tribunal fortalecia partidos de
aluguel. "O projeto de lei visa o
fortalecimento das instituições
partidária do país", disse o senador Heráclito Fortes (PFL-PI). "O critério para a distribuição do dinheiro do fundo partidário tem que ser o da vontade
popular", afirmou a senadora
Ideli Salvatti (PT-SC).
Repasses
No ano passado os partidos
receberam R$ 148 milhões do
fundo, que é formado por recursos previstos no Orçamento
da União e pela arrecadação
proveniente do pagamento de
multas eleitorais. Esses repasses são a principal fonte de recursos das siglas.
Responsável pela transferência dos recursos, o TSE precisava decidir sobre a nova forma
de distribuição, já que em dezembro do ano passado o Supremo declarou inconstitucional a chamada "cláusula de barreira".
Essa medida dificultaria, a
partir desta legislatura, o funcionamento das siglas pequenas e médias. Uma das conseqüências seria a perda da verba
desse fundo.
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