KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em conversa reservada prevista para ontem à noite, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediria a Carlos Lupi que deixasse a presidência do PDT como forma de tentar diminuir o que o Planalto considera uma "campanha" contra o ministro do Trabalho.
Oficialmente, o Planalto não se manifesta sobre a situação do ministro Lupi.
Em entrevista coletiva ontem, Lupi respondeu a acusações de beneficiar partidários políticos com convênios de sua pasta. O Planalto considerou satisfatórias as explicações.
Nos bastidores, Lula e ministros não julgam um problema Lupi ocupar os dois cargos. Mas, com a orientação da comissão, o presidente acredita que a saída do comando do partido é mais conveniente.
As razões da manutenção de Lupi no ministério são três, segundo ouviu a Folha no Planalto. A principal: Lupi é ministro da cota do PDT, que integra a coalizão de apoio a Lula e que tem direito a uma vaga no primeiro escalão.
Segundo: Lula e auxiliares não consideram graves as acusações contra o pedetista. A terceira razão é o apoio da Força Sindical, uma das principais centrais sindicais do país, ao ministro. Com Lupi, a entidade tende a dar apoio aos projetos do governo.
Para a cúpula, as reportagens que apontam supostos benefícios de Lupi a entidades de seus correligionários teriam sido municiadas por Marcílio Marques Moreira, ex-presidente da comissão que pediu demissão nesta semana. O Planalto trabalhou pela saída de Marcílio, deixando a vaga para Sepúlveda Pertence.
Marcílio afirmou ontem, em São Paulo, que sua saída não está relacionada apenas ao ministro. "O episódio Lupi é uma pequena parte de um todo muito mais amplo", disse ele. "Saio frustrado."