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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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AGENDA PETISTA

Presidente promete para abril projetos tributário e da Previdência

Lula quer governadores para levar reformas ao Congresso

Ormuzd Alves/Folha Imagem
O presidente Lula discursa na posse no novo presidente da Associação Comercial do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou ontem as dificuldades do governo para enviar ao Congresso as propostas de reformas tributária e da Previdência e disse que, até abril, entregará ao Legislativo, acompanhado dos governadores, os projetos do Executivo para os dois temas.
"Pretendo fazer um gesto, com a concordância dos governadores: eu e os 27 governadores sairemos do Palácio do Planalto, atravessaremos a pé aquela rampa e entregaremos pessoalmente as reformas ao Congresso", afirmou o presidente, durante a cerimônia de posse do novo presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos.
Para a platéia de cerca de 1.300 empresários, Lula chegou a dizer que "a coisa [o encaminhamento das reformas] andou tão bem até agora", que ele não vai esperar o segundo semestre -prazo estipulado pelo petista durante a campanha- para enviar as reformas ao Congresso.
Não mencionou, entretanto, as dificuldades que o governo encontra para elaborar os textos sobre as alterações nos sistemas previdenciário e tributário.
A proposta de reforma tributária, por exemplo, tem de levar em consideração os distintos interesses dos Estados na mudança do local de cobrança do ICMS, um dos pontos mais polêmicos. Para acelerar o processo, a proposta a ser enviada neste semestre para o Congresso será enxuta.
A reforma da Previdência é ainda mais complicada para o governo petista. Isso porque atinge uma das principais bases do PT, que é a dos servidores. A categoria se opõe ao PL-9, que pode ser o ponto de partida da reforma. O projeto prevê a criação de fundos de previdência complementar para os futuros servidores.
"Estou mexendo com a minha base, com sindicalistas que votaram em mim. Por que estou fazendo isso? Poderia empurrar com a barriga mais quatro anos. O presidente não tem de pensar em seu mandato, tem de pensar em seu país", afirmou Lula.
O empresário Antônio Ermírio de Moraes, que na campanha disse que Lula estava longe de ser um estadista, foi à cerimônia, mas não assistiu ao discurso do presidente. A organização do evento afirmou que ele foi barrado pelos seguranças da Presidência pois teria chegado ao local quando o salão já estava lotado. Ermírio nega. Disse que foi embora porque a cerimônia atrasou, e ele já tinha marcado outro compromisso.
Lula voltou a criticar o que chamou de "pressa" dos adversários para a aprovação das reformas. Defendeu cautela do governo e disse: "O apressado come cru".
"Quando a gente é de oposição, você pode fazer bravata porque não vai poder executar nada mesmo. Agora, quando você é governo, tem de fazer. Aí não cabe bravata", disse Lula, que foi então aplaudido pelos empresários.

Davos e inglês
O presidente falou de improviso durante quase 40 minutos. Pediu a participação dos empresários para a provação das reformas por meio do que chamou de "lobby sadio" e relembrou momentos de atrito que teve com a classe durante sua carreira política.
"Alguém de vocês um dia imaginou que eu pudesse ser o presidente mais aplaudido na história de Davos?", perguntou. Logo depois, ao comentar a condução da economia, Lula disse que os empresários pensavam que, quando ele tomasse posse, o Brasil ia "entrar em uma bancarrota". "Ele não fala nem inglês, como quer governar o país?", disse Lula, ironizando ataques que recebeu durante a campanha.
O presidente foi aplaudido pela platéia ao defender uma postura mais agressiva no comércio exterior. Lula destacou a atuação dos ministros do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e da Agricultura, Roberto Rodrigues.


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