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Presidente promete "surpresas" em 2004 e defende política econômica
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva fez ontem uma defesa
veemente da política econômica
conduzida por seu ministro da
Fazenda, Antonio Palocci Filho, e
afirmou a empresários, em São
Paulo, que eles terão "belíssimas
surpresas" no próximo ano e que
o governo se empenhará em reduzir as taxas de juros.
"Nós temos que ter como objetivo reduzir as taxas de juros no
nosso país, mas vocês também sabem que não é uma coisa que você faz com um estalar de dedos ou
com uma varinha de condão. O
Palocci criou uma frase que eu tenho repetido: o Brasil é um navio,
e em um navio a gente não dá cavalo-de-pau, cavalo-de-pau a
gente dá em um fusquinha."
Em seguida, o presidente ressaltou a importância de o Brasil recuperar a "confiabilidade" dos investidores e manter sob controle a
inflação. E prometeu: "O governo
vai fazer o que pode neste primeiro ano para fazer o que precisa ser
feito no segundo ano. Vocês vão
ter belíssimas surpresas. Por mais
que as coisas pareçam feias por
causa da guerra, eu levanto, a cada
dia, mais otimista".
A atuação de Palocci à frente da
economia tem sido alvo de reclamações constantes da chamada
ala radical do PT. Além disso, os
críticos do governo dizem que Lula, até agora, apenas repete a fórmula aplicada pelo ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso,
combatida pelo partido.
Ao fazer a defesa da política econômica ortodoxa e alertar sobre a
importância do mercado, Lula revelou que passa boa parte de seus
dias acompanhando as movimentações das bolsas e as oscilações do dólar pela internet.
"Eu, que nunca me interessei
em ficar vendo se bolsa sobe ou
bolsa desce, se dólar cai ou sobe,
se risco cai, agora fico olhando direito. Tem gente que até reclama:
"Puxa, eu vim aqui para conversar
e você fica olhando no computador'", afirmou.
Aos empresários, Lula foi superficial ao falar sobre a reforma
tributária, mas enfático ao afirmar que também irá mudar as regras que regem o trabalho e os
sindicatos. Segundo ele, as transformações serão necessárias para
dinamizar a atividade econômica.
Ironia
O presidente não deixou escapar ontem a oportunidade de responder a um velho desafeto, o ex-presidente da Fiesp Mario Amato.
Na campanha presidencial de
1989, Amato, na presidência da
entidade, disse que 800 mil empresários deixariam o país imediatamente, se o petista vencesse.
Ao avistar Amato na platéia ontem, Lula disparou: "É por isso
que eu tenho surpreendido muita
gente. Eu, possivelmente, já tenha
feito mais reuniões com empresários, meu caro Mario Amato, do
que nos últimos dez anos os outros governantes", alfinetou Lula,
sob aplausos da platéia.
A troca de farpas entre Lula e
Amato não se restringiu ao pleito
de 89. Em 1994, Amato disse que o
petista caminhava para a direita.
Recebeu como resposta: "O Amato não tem credibilidade".
Após a vitória de Lula, Amato
disse que haveria guerra interna
no governo petista.
E completou: "A única coisa que
nos une é o dia do aniversário [27
de outubro]".
(JAB E JD)
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