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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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Presidente promete "surpresas" em 2004 e defende política econômica

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma defesa veemente da política econômica conduzida por seu ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, e afirmou a empresários, em São Paulo, que eles terão "belíssimas surpresas" no próximo ano e que o governo se empenhará em reduzir as taxas de juros.
"Nós temos que ter como objetivo reduzir as taxas de juros no nosso país, mas vocês também sabem que não é uma coisa que você faz com um estalar de dedos ou com uma varinha de condão. O Palocci criou uma frase que eu tenho repetido: o Brasil é um navio, e em um navio a gente não dá cavalo-de-pau, cavalo-de-pau a gente dá em um fusquinha."
Em seguida, o presidente ressaltou a importância de o Brasil recuperar a "confiabilidade" dos investidores e manter sob controle a inflação. E prometeu: "O governo vai fazer o que pode neste primeiro ano para fazer o que precisa ser feito no segundo ano. Vocês vão ter belíssimas surpresas. Por mais que as coisas pareçam feias por causa da guerra, eu levanto, a cada dia, mais otimista".
A atuação de Palocci à frente da economia tem sido alvo de reclamações constantes da chamada ala radical do PT. Além disso, os críticos do governo dizem que Lula, até agora, apenas repete a fórmula aplicada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, combatida pelo partido.
Ao fazer a defesa da política econômica ortodoxa e alertar sobre a importância do mercado, Lula revelou que passa boa parte de seus dias acompanhando as movimentações das bolsas e as oscilações do dólar pela internet.
"Eu, que nunca me interessei em ficar vendo se bolsa sobe ou bolsa desce, se dólar cai ou sobe, se risco cai, agora fico olhando direito. Tem gente que até reclama: "Puxa, eu vim aqui para conversar e você fica olhando no computador'", afirmou.
Aos empresários, Lula foi superficial ao falar sobre a reforma tributária, mas enfático ao afirmar que também irá mudar as regras que regem o trabalho e os sindicatos. Segundo ele, as transformações serão necessárias para dinamizar a atividade econômica.

Ironia
O presidente não deixou escapar ontem a oportunidade de responder a um velho desafeto, o ex-presidente da Fiesp Mario Amato.
Na campanha presidencial de 1989, Amato, na presidência da entidade, disse que 800 mil empresários deixariam o país imediatamente, se o petista vencesse.
Ao avistar Amato na platéia ontem, Lula disparou: "É por isso que eu tenho surpreendido muita gente. Eu, possivelmente, já tenha feito mais reuniões com empresários, meu caro Mario Amato, do que nos últimos dez anos os outros governantes", alfinetou Lula, sob aplausos da platéia.
A troca de farpas entre Lula e Amato não se restringiu ao pleito de 89. Em 1994, Amato disse que o petista caminhava para a direita. Recebeu como resposta: "O Amato não tem credibilidade".
Após a vitória de Lula, Amato disse que haveria guerra interna no governo petista.
E completou: "A única coisa que nos une é o dia do aniversário [27 de outubro]". (JAB E JD)


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