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BID e Banco Mundial devem liberar
US$ 500 mi para programas sociais
MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES
O Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) devem anunciar a liberação de mais de US$ 500 milhões
para programas sociais no Brasil.
"[O dinheiro] será para o Fome
Zero, outros programas sociais e
linhas de crédito, mas não tenho
os detalhes", disse o ministro do
Desenvolvimento, Luiz Fernando
Furlan, que estava em Londres.
O anúncio deve ser feito amanhã, em Brasília, em churrasco
oferecido pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva aos presidentes do Banco Mundial, James
Wolfensohn, e do BID, Enrique
Iglesias. Esses recursos normalmente dependem de contrapartida dos governos, o que afetaria os
limites de endividamento do setor
público. Por isso, os dois bancos
devem anunciar formas de transferência que seguem as regras das
duas instituições, mas que não
aumentam os gastos.
O Banco Mundial aceita como
contrapartida recursos que já estão sendo usados em programas
sociais, mas o BID não. Para contornar esse obstáculo, no caso de
crédito comercial, o BID vem fazendo empréstimos a bancos brasileiros, que repassam os recursos
em financiamento às exportações
para empresa privadas.
Furlan informou também que
na próxima semana o governo deve anunciar uma meta de crescimento das exportações brasileiras
superior aos 10% que estavam
previstos para este ano.
"Há uma indicação clara dos setores envolvidos em exportação
de que nossa meta de crescimento
de 10% é muito moderada" afirmou o ministro.
Ele não quis adiantar qual será a
nova meta, que ainda dependeria
de avaliação de estudos técnicos.
Dessa forma, segundo o ministro,
o Brasil fica menos dependente
dos investimentos diretos estrangeiros, que devem cair neste ano
para US$ 13 bilhões, segundo previsão do Banco Central. Em 2002,
chegaram a US$ 16 bilhões.
"Na segunda-feira estaremos
com o presidente Lula e possivelmente anunciaremos uma meta
ainda mais agressiva de crescimento das exportações, o que nos
dá tranquilidade nesse front de
depender menos do investimento
direto", disse Furlan.
Cada 1% de crescimento nas exportações representa US$ 600 milhões a mais. O ministro disse que
os estudos feitos indicam que
muitos setores estão tendo um
desempenho muito acima do previsto. Entre eles, o setor automotivo deve exportar 20% a mais neste
ano em comparação com 2002.
O setor agrícola também deverá
ter um desempenho bem superior ao previsto, porque no "começo do ano não tínhamos convicção de que a safra não seria afetada pelo tempo, mas agora a colheita já está avançada e só no
agribusiness vamos ter um aumento de US$ 3 bilhões nas exportações", segundo Furlan.
O ministro disse ainda que a exportação de calçados também deve aumentar acima das previsões
iniciais, com a penetração em outros mercados, como a Rússia.
A recuperação da economia argentina também deve permitir
um aumento das exportações
brasileiras, principalmente de
manufaturados, que compõem a
maior parte da pauta comercial
com o vizinho. Segundo Furlan,
por causa da crise em 2002, só as
vendas de calçados caíram 98%.
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