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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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BID e Banco Mundial devem liberar US$ 500 mi para programas sociais

MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES

O Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) devem anunciar a liberação de mais de US$ 500 milhões para programas sociais no Brasil. "[O dinheiro] será para o Fome Zero, outros programas sociais e linhas de crédito, mas não tenho os detalhes", disse o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que estava em Londres.
O anúncio deve ser feito amanhã, em Brasília, em churrasco oferecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos presidentes do Banco Mundial, James Wolfensohn, e do BID, Enrique Iglesias. Esses recursos normalmente dependem de contrapartida dos governos, o que afetaria os limites de endividamento do setor público. Por isso, os dois bancos devem anunciar formas de transferência que seguem as regras das duas instituições, mas que não aumentam os gastos.
O Banco Mundial aceita como contrapartida recursos que já estão sendo usados em programas sociais, mas o BID não. Para contornar esse obstáculo, no caso de crédito comercial, o BID vem fazendo empréstimos a bancos brasileiros, que repassam os recursos em financiamento às exportações para empresa privadas.
Furlan informou também que na próxima semana o governo deve anunciar uma meta de crescimento das exportações brasileiras superior aos 10% que estavam previstos para este ano.
"Há uma indicação clara dos setores envolvidos em exportação de que nossa meta de crescimento de 10% é muito moderada" afirmou o ministro.
Ele não quis adiantar qual será a nova meta, que ainda dependeria de avaliação de estudos técnicos. Dessa forma, segundo o ministro, o Brasil fica menos dependente dos investimentos diretos estrangeiros, que devem cair neste ano para US$ 13 bilhões, segundo previsão do Banco Central. Em 2002, chegaram a US$ 16 bilhões.
"Na segunda-feira estaremos com o presidente Lula e possivelmente anunciaremos uma meta ainda mais agressiva de crescimento das exportações, o que nos dá tranquilidade nesse front de depender menos do investimento direto", disse Furlan.
Cada 1% de crescimento nas exportações representa US$ 600 milhões a mais. O ministro disse que os estudos feitos indicam que muitos setores estão tendo um desempenho muito acima do previsto. Entre eles, o setor automotivo deve exportar 20% a mais neste ano em comparação com 2002.
O setor agrícola também deverá ter um desempenho bem superior ao previsto, porque no "começo do ano não tínhamos convicção de que a safra não seria afetada pelo tempo, mas agora a colheita já está avançada e só no agribusiness vamos ter um aumento de US$ 3 bilhões nas exportações", segundo Furlan.
O ministro disse ainda que a exportação de calçados também deve aumentar acima das previsões iniciais, com a penetração em outros mercados, como a Rússia.
A recuperação da economia argentina também deve permitir um aumento das exportações brasileiras, principalmente de manufaturados, que compõem a maior parte da pauta comercial com o vizinho. Segundo Furlan, por causa da crise em 2002, só as vendas de calçados caíram 98%.


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