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NO AR
Destruição em massa
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Na entrevista ao lado
de Tony Blair, ao vivo em
toda parte, até em redes abertas
brasileiras, George W. Bush ouviu esta pergunta:
- Os iraquianos devem se
preparar para uma retaliação
com armas nucleares se atacarem a coalizão com armas de
destruição em massa?
E Bush:
- Se ele usar armas de destruição em massa, só vai provar
que nós temos razão. E nós vamos lidar com isso.
Não disse nem sim nem não.
Já é o bastante para recordar,
diante dos cogumelos ainda não
atômicos do ataque de ontem a
Bagdá, os cogumelos de
Hiroshima e Nagasaki.
Não seria a primeira vez. Nem
a segunda.
Na entrevista, Blair perdeu,
ele também, a paciência com a
Al Jazeera:
- E agora a liberação de fotos
de soldados britânicos executados... Está além da compreensão
de qualquer um com um pouco
de humanidade.
Os editores da Al Jazeera não
querem nem saber. Creditam a
reação crescente às imagens ao
fato de ter hoje a supremacia na
cobertura.
Um antigo correspondente da
BBC no Oriente Médio, ouvido
pela própria BBC em debate,
notou que muitos jornalistas da
Al Jazeera saíram dos quadros
da mesma BBC:
- É claro que o que eles estão
mostrando incomoda. Mas nós
mostramos imagens horríveis
de coisas acontecendo a outros
povos. Eles só estão fazendo conosco o que nós estivemos fazendo com eles.
Para piorar a situação de seus
críticos, a Al Jazeera acaba de
receber o prêmio Liberdade de
Expressão -que tem entre os
jurados jornalistas ocidentais,
inclusive britânicos.
A reação à cobertura dos canais árabes não se dá só com críticas e descredenciamento: o governo Bush está montando uma
concorrente.
Na verdade, ela está no ar há
cerca de um ano -ainda só como rádio. É a Sawa, que quer dizer "junto" em árabe. Segundo a
BBC, é uma das rádios internacionais com maior audiência no
Oriente Médio.
Em sua programação, muita
música pop, tanto árabe como
anglo-americana.
A novidade é que, segundo o
"Wall Street Journal", a rádio
Sawa deve se transformar logo
em TV Sawa ou algo assim.
Bush acaba de pedir mais de
US$ 30 milhões ao congresso
americano para viabilizar a
emissora de TV.
O empresário que está à frente
do projeto promete levar
"Friends" aos árabes.
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