São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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Sem-terra invadem 3 fazendas em Pernambuco

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) desencadeou ontem a mobilização batizada de "jornada de luta" invadindo três fazendas em Pernambuco e uma em Avaré (SP).
As invasões ocorreram durante a madrugada. Em Pernambuco, as ações, até o meio-dia, não eram do conhecimento da Polícia Militar nem havia informações sobre confrontos com proprietários e empregados dos imóveis.
A onda de invasões foi anunciada na semana passada pelos dirigentes nacionais do MST.
A maior invasão se deu na fazenda Boi Cajú, entre os municípios de Inajá e Ibimirim, no sertão pernambucano. Segundo o MST, mil famílias entraram na área de 21 mil hectares de madrugada e não encontraram resistência.
Uma segunda invasão no sertão ocorreu em Serrita, onde 180 famílias invadiram a fazenda Paada/Suçuarana.
A terceira foi em João Alfredo, no agreste. Ali, 150 famílias tomaram a sede da fazenda Mumbuca, de 1.700 hectares.
O coordenador do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, disse que as invasões são as primeiras no país de uma série programada para março e abril, meses em que o movimento marca posição pelo aniversário do confronto de Eldorado do Carajás (PA), em 1996, quando 19 sem-terra foram mortos pela PM.
"Não é um movimento contra o governo, mas contra o latifúndio", disse Amorim. Segundo ele, "a jornada de ocupações e caminhadas" vai se estender até 17 de abril (data do confronto de 96).
O MST afirmou que as fazendas invadidas em Pernambuco estão na lista de áreas que o movimento encaminhou neste ano ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) sugerindo vistoria para confirmar a improdutividade.
"Não há certeza de que são improdutivas, mas, aparentemente, e por conversas de famílias de sem-terra das regiões próximas, são", disse a assessora de imprensa do MST Dirce Ostroski.
A PM de Pernambuco afirmou que a corporação não havia sido informada das invasões e que uma confirmação só provocaria providências após a notificação oficial ou a determinação judicial de reintegração de posse.
A Agência Folha não conseguiu informações que levassem a identificar os donos das três fazendas.



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