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Sem-terra invadem 3 fazendas em Pernambuco
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) desencadeou ontem a mobilização
batizada de "jornada de luta" invadindo três fazendas em Pernambuco e uma em Avaré (SP).
As invasões ocorreram durante
a madrugada. Em Pernambuco,
as ações, até o meio-dia, não eram
do conhecimento da Polícia Militar nem havia informações sobre
confrontos com proprietários e
empregados dos imóveis.
A onda de invasões foi anunciada na semana passada pelos dirigentes nacionais do MST.
A maior invasão se deu na fazenda Boi Cajú, entre os municípios de Inajá e Ibimirim, no sertão
pernambucano. Segundo o MST,
mil famílias entraram na área de
21 mil hectares de madrugada e
não encontraram resistência.
Uma segunda invasão no sertão
ocorreu em Serrita, onde 180 famílias invadiram a fazenda Paada/Suçuarana.
A terceira foi em João Alfredo,
no agreste. Ali, 150 famílias tomaram a sede da fazenda Mumbuca,
de 1.700 hectares.
O coordenador do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, disse
que as invasões são as primeiras
no país de uma série programada
para março e abril, meses em que
o movimento marca posição pelo
aniversário do confronto de Eldorado do Carajás (PA), em 1996,
quando 19 sem-terra foram mortos pela PM.
"Não é um movimento contra o
governo, mas contra o latifúndio", disse Amorim. Segundo ele,
"a jornada de ocupações e caminhadas" vai se estender até 17 de
abril (data do confronto de 96).
O MST afirmou que as fazendas
invadidas em Pernambuco estão
na lista de áreas que o movimento
encaminhou neste ano ao Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) sugerindo
vistoria para confirmar a improdutividade.
"Não há certeza de que são improdutivas, mas, aparentemente,
e por conversas de famílias de
sem-terra das regiões próximas,
são", disse a assessora de imprensa do MST Dirce Ostroski.
A PM de Pernambuco afirmou
que a corporação não havia sido
informada das invasões e que
uma confirmação só provocaria
providências após a notificação
oficial ou a determinação judicial
de reintegração de posse.
A Agência Folha não conseguiu
informações que levassem a identificar os donos das três fazendas.
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