|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUARULHOS
Fundação que serve o município subcontratou empresa de ex-tesoureiro do Instituto Florestan Fernandes, do PT
Prefeitura petista faz contratos suspeitos
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Estadual
investiga um suposto favorecimento da Prefeitura de Guarulhos
(Grande São Paulo) a uma empresa do ex-tesoureiro do Instituto
Florestan Fernandes, entidade
fundada em julho de 1999 por iniciativa do diretório paulistano do
PT. A cidade está sob comando
do petista Elói Alfredo Pietá.
Gravações telefônicas que teriam sido enviadas anonimamente ao vereador Waldomiro Ramos
(PTN) contêm conversas em que
membros do primeiro escalão da
prefeitura negociam com o tesoureiro a contratação de uma fundação por R$ 3,070 milhões.
A fundação subcontratou, no
entanto, a empresa do tesoureiro.
Pela legislação, fundações podem
ser contratadas sem licitação. Já a
empresa precisaria disputar uma
concorrência pública.
As conversas envolvem o secretário municipal da Administração, Valter Correia da Silva, sua
secretária-adjunta, Maria Isabel
Fonseca, e os sócios da Frontservices S/C Ltda., César Augusto
Massaro e Washington Luiz
Vianna. Os diálogos tratam de um
contrato que teria como titular a
Fundep (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa), instituição
vinculada à UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais).
Proposta
Nas gravações, das quais trechos foram veiculados na sessão
da Câmara Municipal de 3 de
março deste ano, é possível ouvir
a secretária-adjunta pedindo a
Massaro -que deixou de ser tesoureiro do Instituto Florestan
Fernandes no mês passado, embora ainda seja associado à instituição- a formulação de proposta da Fundep para o contrato.
"César, duas coisas. Primeiro, é
o seguinte: eu preciso da proposta
da Fundep, da questão dos agentes de... do atendimento da saúde." Massaro responde: "Tá
bom". E Fonseca: "[É] para eu poder encaminhar o contrato".
Esse contrato previa assessoria
técnica ao Departamento de Processamento de Dados, ampliação
da intranet, provimento e hospedagem dos serviços e programa
de capacitação de funcionários. O
prazo de execução do serviço é de
15 meses. O contrato foi assinado
em outubro do ano passado.
Em outro trecho, Massaro sugere a Fonseca que "invente" ações
para que a edição do contrato seja
acelerada.
Fonseca: "Com aquele material
que você tem em mãos da [ininteligível], você consegue fazer a proposta da Fundep". Massaro:
"[ininteligível] e inventa, que você
sabe que inventar não tem problema". Fonseca: "Não, não. Tudo
bem, não tem muito que... você
tem material suficiente aí para fazer. O que acho é que [ininteligível] solicitar para eles uma proposta". Massaro: "Tá bom". Fonseca: "[ininteligível] Precisa o
contrato disso logo".
O pedido para a contratação da
Fundep partiu, inicialmente, de
Luiz Carlos Furtado, diretor do
Departamento de Processamento
de Dados da Prefeitura de Guarulhos. Furtado faz parte do órgão
máximo do Instituto Florestan
Fernandes, a assembléia geral.
Outros contratos
A Frontservices foi criada em 2
de setembro de 2002 e tem como
capital social R$ 50 mil. Antes de
assumir essa função, já havia trabalhado para a mesma prefeitura
em três ocasiões, também por
meio da Fundep.
O primeiro contrato da prefeitura com a Fundep, que utilizou
os serviços de Massaro, foi assinado em março de 2002, por R$
1,378 milhão. Objetivo: consultoria, digitação de dados e provimento e hospedagem dos serviços. O segundo contrato foi em
abril de 2002, por R$ 345 mil. Finalidade: proposição de estrutura
para implantação do Fácil, um
sistema de atendimento ao morador de Guarulhos. A terceira contratação foi em novembro de
2002, por R$ 1,140 milhão. Nesta,
estavam previstos um plano de
organização da área de tecnologia, ampliação dos sistemas de
governo eletrônico e um plano de
desenvolvimento de infra-estrutura de tecnologia da prefeitura.
No dia 19, o juiz João Batista de
Paula Lima, da 1ª Vara Cível de
Guarulhos, determinou uma busca e apreensão de documentos no
escritório do vereador Ramos. O
juiz estabeleceu uma multa de R$
10 mil por dia caso o parlamentar
divulgue as fitas.
O superintendente do Núcleo
de Atendimento à Comunidade
da Fundep, Hely Costa Lages,
confirmou que a entidade tem
contratos com Massaro e disse
que "ele é credenciado pela Fundep, fala em nome da instituição".
Texto Anterior: Evento oficial vira ato pró-reeleição Próximo Texto: Outro lado: Ação não beneficia instituto, diz ex-tesoureiro Índice
|