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A QUEDA
Vice-presidente critica economia pouco antes do pedido de afastamento do ministro da Fazenda
Alencar chora e faz elogios a ministro
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em discurso ontem a cerca de
500 prefeitos, o vice-presidente e
ministro da Defesa, José Alencar,
chorou pela angústia que afirma
ter pelo crescimento da economia brasileira. Alencar concentrou seus ataques nas taxas de juros e fez a defesa do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda),
que pediu afastamento do cargo.
Alencar se emocionou ao lembrar da visita que fez a uma escola chinesa na semana passada.
"Na China eu fiz questão de visitar uma escola de ensino básico.
É uma questão que me emocionou profundamente. Por quê?
Porque, visitando aquela escola
[interrompe, com a voz embargada], eu voltava [nova pausa]
com o meu pensamento [chora e
é aplaudido]. Voltava com o meu
pensamento ao meu país", disse.
E completou: "Porque, se nós tivéssemos como oferecer no Brasil aquele tipo de formação, eu
não sei o que nós poderíamos fazer desse grande país".
Alencar participou ontem, em
Brasília, da abertura de encontro
da ABM (Associação Brasileira
de Municípios). Ao final de sua
fala, explicou o motivo da emoção. "O Brasil tem que crescer. Se
não crescer, não tem condições,
porque não haverá recurso para
resolver os problemas sociais. O
crescimento da economia não é
um fim, e sim um meio para que
se alcancem os objetivos sociais."
Alencar diz não ser possível investir em educação, por exemplo, sem o avanço do PIB. "Nós
temos um custo de capital no
Brasil que é um despropósito,
absolutamente inadequado às
condições de nosso país."
A entrevista de Alencar ocorreu duas horas antes do anúncio
de afastamento de Palocci. Questionado se suas críticas eram direcionadas ao então ministro,
disse: "Eu não tenho absolutamente nada contra o ministro
Palocci. Ao contrário, eu tenho
por ele grande admiração e respeito. E digo para vocês que ele
tem prestado relevante serviço
ao Brasil. Ele recuperou confiabilidade da economia brasileira".
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