São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2006

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A QUEDA

Vice-presidente critica economia pouco antes do pedido de afastamento do ministro da Fazenda

Alencar chora e faz elogios a ministro

EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em discurso ontem a cerca de 500 prefeitos, o vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, chorou pela angústia que afirma ter pelo crescimento da economia brasileira. Alencar concentrou seus ataques nas taxas de juros e fez a defesa do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), que pediu afastamento do cargo.
Alencar se emocionou ao lembrar da visita que fez a uma escola chinesa na semana passada. "Na China eu fiz questão de visitar uma escola de ensino básico. É uma questão que me emocionou profundamente. Por quê? Porque, visitando aquela escola [interrompe, com a voz embargada], eu voltava [nova pausa] com o meu pensamento [chora e é aplaudido]. Voltava com o meu pensamento ao meu país", disse. E completou: "Porque, se nós tivéssemos como oferecer no Brasil aquele tipo de formação, eu não sei o que nós poderíamos fazer desse grande país".
Alencar participou ontem, em Brasília, da abertura de encontro da ABM (Associação Brasileira de Municípios). Ao final de sua fala, explicou o motivo da emoção. "O Brasil tem que crescer. Se não crescer, não tem condições, porque não haverá recurso para resolver os problemas sociais. O crescimento da economia não é um fim, e sim um meio para que se alcancem os objetivos sociais."
Alencar diz não ser possível investir em educação, por exemplo, sem o avanço do PIB. "Nós temos um custo de capital no Brasil que é um despropósito, absolutamente inadequado às condições de nosso país."
A entrevista de Alencar ocorreu duas horas antes do anúncio de afastamento de Palocci. Questionado se suas críticas eram direcionadas ao então ministro, disse: "Eu não tenho absolutamente nada contra o ministro Palocci. Ao contrário, eu tenho por ele grande admiração e respeito. E digo para vocês que ele tem prestado relevante serviço ao Brasil. Ele recuperou confiabilidade da economia brasileira".


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