São Paulo, quarta-feira, 28 de março de 2007

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Lula coloca Lupi no Trabalho e Marinho na Previdência

Nelson Machado, atual ministro da Previdência, terá cargo no Ministério da Fazenda

Pedetistas eram contrários à reforma previdenciária; presidente, para evitar constrangimentos, acertou, então, o remanejamento


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu fazer uma alteração de última hora na reforma ministerial. Convidou o presidente do PDT, Carlos Lupi, a assumir o Ministério do Trabalho. Lupi, antes cotado para a Previdência, aceitou depois de consultar a bancada.
Na noite de ontem, Lupi se reuniu com o atual ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e com o deputado Paulinho da Força (PDT-SP). Ficou acertada a mudança.
"Podem anunciar. Acabei de confirmar com o presidente e vou para o ministério do Trabalho. Achamos que era melhor para o partido. O Ministério do Trabalho é a razão de ser do trabalhismo", disse Lupi.
Marinho vai assumir a Previdência e o hoje ministro Nelson Machado vai para a secretaria-executiva do Ministério da Fazenda, segundo informaram Lupi e Paulinho ontem à noite depois da reunião. Assessores diretos do presidente confirmaram que esse era o desenho traçado por Lula.
"Preferíamos que Marinho ficasse, mas achamos melhor não criar problema além de prestigiar o Lupi", disse Paulinho da Força.
Luiz Marinho, titular do Trabalho, foi chamado ao Palácio do Planalto por volta das 21h. Lula discutiu com ele o remanejamento para a pasta da Previdência.
Lupi e o PDT se colocavam publicamente contrários a reformas na área. Para evitar o constrangimento, o presidente da República pensou na alternativa envolvendo o Trabalho.
Marinho terá que fazer um sacrifício indo para a Previdência. Ele ficará no governo até abril do ano que vem, quando será candidato a prefeito de São Bernardo do Campo.
Nesse caso, Marinho teria apenas de ficar à frente da Previdência encaminhando uma futura reforma na área, mas não a ponto de comprometer seu futuro político eleitoral.
Mudanças nessa área sempre equivalem a corte de benefícios e os políticos fogem desse tipo de operação.
O PDT, do seu lado, fica com uma pasta mais correlata à sigla, cuja tradição histórica é o trabalhismo.
Depois de ofertada a pasta do Trabalho, Lupi ligou para Miro Teixeira (RJ) que estava no Congresso e pediu a ele para fazer uma rápida consulta à bancada. A maioria preferiu sua ida ao Trabalho. "Trabalho e Previdência são pastas muito identificadas com o partido", declarou Miro ontem.
Lula deve concluir a reforma nesta semana. Ele convocou para a próxima segunda-feira uma reunião ministerial em que pretende anunciar todo o primeiro escalão de seu segundo mandato.
A reunião será uma forma de anunciar o fim da reforma ministerial, que se arrastou por cinco meses, e os nomes dos 36 ministros que integrarão o primeiro escalão de governo. O encontro deve durar o dia inteiro na residência oficial da Granja do Torto. Waldir Pires (Defesa) deve ser substituído num segundo momento, pós-reforma e diante de um eventual esfriamento da crise aérea.
Para cada ministro oriundo do primeiro mandato, a reunião será um carimbo de continuidade no cargo. Se enquadra nessa situação o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel (PT-RS), que ontem, por meio de seu gabinete, recebeu o convite do Planalto para a reunião de segunda-feira -a primeira do segundo mandato.


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