São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2008

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Chávez "pacificador" pôs fim a conflito na região, diz Lula

Presidente parabeniza venezuelano por atuação na crise entre Equador e Colômbia

Em Recife, o petista afirmou estar ansioso pela entrada da Venezuela no Mercosul, mas disse que espera a votação no Congresso

Marcelos Garcóa/Efe
O venezuelano Hugo Chávez é saudado em São Luís, onde se reuniu com o governador Jackson Lago

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em Recife (PE), que o venezuelano Hugo Chávez foi o "pacificador" do conflito recente entre Colômbia e Equador.
Chávez, que estava em pé ao lado do petista, se mostrou surpreso com a afirmação do colega brasileiro. "Incrível", disse o presidente da Venezuela, arrancando risos de ministros e jornalistas, durante entrevista concedida no Palácio dos Campos das Princesas, sede do governo pernambucano.
Segundo Lula, foi "o discurso pacificador de Chávez que permitiu a reunião que resultou no documento de conciliação entre os países". "Ao ex-guerrilheiro e hoje pacificador, os parabéns", afirmou o brasileiro.
O petista foi enfático na defesa ao Equador no conflito. "Não aceitamos que um país interfira na soberania territorial de outro e ponto final", disse.
Colômbia e Equador entraram em crise em 1º de março, após a incursão colombiana no Equador em operação contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Na ocasião, o então número dois da guerrilha, Raúl Reyes, foi morto, com outras 24 pessoas.
No início da crise, Chávez aumentou a tensão na região ao anunciar o envio de tropas para a fronteira com a Colômbia, expulsar o embaixador do país vizinho e atacar a ligação dos EUA com o governo de Álvaro Uribe, a quem chamou de "terrorista", "lacaio do império" e "criminoso". Na prática, porém, as tropas venezuelanas nunca chegaram até a fronteira. E o tom do venezuelano foi diminuindo, até surpreender no encontro do Grupo do Rio, no dia 7 de março, quando poupou Uribe de ataques. Mais conciliador, afirmou na ocasião que o tempo era de "reflexão e ações" e que ainda dava para "deter esta voragem da qual poderemos nos arrepender", se dirigindo aos presidentes da Colômbia e do Equador.
Ainda ao lado de Chávez, Lula afirmou ontem ter interesse no ingresso da Venezuela no Mercosul, mas disse esperar a votação no Congresso. "De minha parte, tenho a mesma ansiedade de Chávez", disse. No ano passado, o venezuelano criticou a demora do Congresso brasileiro em votar a demanda.

"Nervosos"
Após o encontro com Lula, Chávez teve uma rápida passagem por São Luís (MA), articulada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), na qual irritou o clã Sarney. Numa espécie de comício improvisado, do balcão do palácio do governo, ele sugeriu que os que ficaram "nervosos" com sua presença fizessem um "chamado à reflexão". "Não fiquem ainda mais nervosos os que já estão nervosos", disse.
A visita de Chávez foi criticada ontem pelo jornal "O Estado do Maranhão", da família Sarney, oposição ao governador Jackson Lago (PDT). O senador José Sarney (PMDB-AP) é contra a entrada da Venezuela no Mercosul. Já Lago elogiou o venezuelano e assinou com ele uma série de convênios.
A ida de Chávez a São Luís é parte de um movimento que o MST vem fazendo para aproximar governos do campo de esquerda com a Venezuela. O principal dirigente do movimento, João Pedro Stedile, não saiu do lado de Chávez ontem.


Colaborou LETÍCIA SANDER , enviada a São Luís


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