São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2008

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análise

Lula e Chávez estão arando nos oceanos?

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Já virou rotina: a cada três meses, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez se reúnem com a expectativa de fechar um acordo definitivo sobre a refinaria de Pernambuco e depois se vêem obrigados a adiar o anúncio por falta de entendimento entre PDVSA e Petrobras. Hoje, o provável é que a parceria eventualmente se concretize, porém, as dificuldades jogam ainda mais dúvidas sobre projetos de integração mais complexos, como o Gasoduto do Sul.
Ao negociar com os venezuelanos, a Petrobras enfrenta o mesmo dilema que outras multinacionais. Associar-se com a PDVSA é fazer parceria com uma empresa politizada, pouco transparente, de produção e lucros declinantes e uma dívida explosiva -só no ano passado, aumentou de US$ 3 bilhões para US$ 16 bilhões, apesar de todo o "boom" petroleiro.
Por outro lado, as reservas de petróleo venezuelanas estão entre as maiores do mundo e sobreviverão mesmo que Chávez cumpra o desejo de ser presidente vitalício. Envolver a PDVSA em parcerias pode ser estratégico para o Brasil no longo prazo.
Com o hiato entre o que Chávez e Lula dizem e o que se consegue fazer, projetos como a empresa Petrosul e o gasoduto da Venezuela à Argentina, correm o risco de serem enterrados no arquivo de projetos integracionistas fracassados, onde jaz a "imperialista" Alca.


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