São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Apuração não mira políticos, diz De Sanctis

DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, afirmou ontem, por meio de nota, que a Operação Castelo de Areia, deflagrada na última quarta-feira, não investiga políticos, mas pessoas "com profissões de natureza privada".
A nota foi interpretada como uma tentativa de o magistrado não perder o comando da investigação, pois o procedimento subiria para instâncias superiores se envolvesse políticos com foro privilegiado.
Nomes de senadores e de deputados foram citados por executivos da Camargo Corrêa em conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal com autorização judicial.
A polícia informou ainda que, durante o trabalho de busca e apreensão nas casas e nos escritórios dos investigados, encontrou uma lista com nomes de políticos e de funcionários de órgãos públicos que teriam recebido valores da construtora.
Ontem, advogados de partidos políticos foram ao gabinete do juiz para apresentar uma explicação sobre o caso.
Senadores telefonaram ao magistrado para saber do procedimento.
Em nota, De Sanctis informou que "a investigação, desde seu início, jamais teve por foco condutas eventualmente perpetradas por ocupantes de cargos públicos ou funções políticas. A investigação apura o suposto cometimento de crimes apenas de investigados com profissões de natureza privada", informou De Sanctis.
Sobre as críticas por ter divulgado trechos de sua decisão, informou que o objetivo era "evitar distorções ou especulações de qualquer ordem acerca das atividades deste juízo". Disse que teve a cautela de preservar todos os nomes, inclusive de terceiras pessoas, citados nos diálogos.

OAB
O juiz também negou um pedido da seção paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para que fossem desconsiderados os materiais apreendidos nas salas do departamento jurídico da construtora.
A OAB alegou que com a lei nº 11.767/2008, que considera inviolável os escritórios de advocacia, deve ser estendida a departamentos jurídicos.
De Sanctis rejeitou essa relação. Para ele, essa interpretação pode dar margem para que uma pessoa investigada ou a ser investigada utilize o expediente para tornar-se "intocável pela lei".


Texto Anterior: Decisão não foi influenciada, diz ministro
Próximo Texto: Thomaz Bastos fará defesa de empreiteira
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.