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Busca por morto no Araguaia faz irmã vender apartamento
Comerciante acha ossada que pode ser de parente que lutou na guerrilha
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Na noite do último dia 13, a
comerciante Maria Mercês de
Castro, 49, uma cearense radicada em Curitiba, resolveu que
pernoitaria, mesmo sozinha,
no meio de uma fazenda de
Brejo Grande do Araguaia (PA),
em plena Amazônia. Tinha pavor de que alguém roubasse os
pequenos pedaços de ossos e
dentes que um ajudante havia
encontrado num buraco cheio
de lama, aberto por R$ 30.
Agora, esses ossinhos podem
se tornar valiosas peças para
elucidar onde estão os cerca de
60 comunistas que desapareceram durante a guerrilha do
Araguaia, na década de 70.
A descoberta das ossadas por
Maria Mercês, que desde 1980
procura os restos mortais do irmão Antônio Teodoro de Castro, o guerrilheiro Raul, só foi
possível depois que ela vendeu
um apartamento de R$ 100 mil
-para custear a viagem e informantes- e insistiu em ouvir
uma dica que, segunda ela, foi
desprezada três vezes pelo
Grupo de Trabalho Tocantins.
O grupo, composto de civis e
militares, é a maior e mais bem
equipada missão governamental já feita para resgatar possíveis ossadas na região. No ano
passado, vasculhou, sem sucesso, área a 30 metros de onde a
comerciante achou vestígios.
Ao acompanhar uma expedição, em 2009, Maria Mercês
conseguiu o telefone do ex-colaborador do Exército que viria
a confirmar a localização das
covas. Imediatamente, segundo contou à Folha, levou a informação à ouvidoria do grupo.
"Por duas vezes perderam o
papel em que estava escrito o
número. Outra vez me disseram que tinham conversado,
mas era "confidencial'", conta.
A pesquisadora Myrian Alves, uma das ouvidoras do grupo, disse desconhecer a situação e que a área seria alvo do
GTT, que deve voltar a atuar
em abril. Os restos mortais foram entregues à Procuradoria.
O IML do Pará fará a perícia.
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