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ELEIÇÃO ENGESSADA
Sondagem entre pefelistas vetou tucano; Bornhausen levará a FHC proposta para recompor aliança
Sem Serra, PFL aceita ceder vice ao PMDB
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Contabilizados os números de
uma pesquisa respondida por 118
dos 125 senadores e deputados do
PFL, o presidente da sigla, Jorge
Bornhausen (SC), fez questão de
mostrar os resultados em primeira mão para dois tucanos, o ex-governador Tasso Jereissati (CE)
e o presidente da Câmara, Aécio
Neves (MG). A reação dos dois foi
idêntica: riram.
Tasso e Aécio, nessa ordem, são
as opções do PFL no PSDB para
recompor uma aliança eleitoral
com o governo na eleição presidencial de outubro.
Na pesquisa, 90% dos entrevistados responderam "sim" à pergunta: "Se o PSDB mudasse de
candidato teria seu apoio?"
A pesquisa é mais um lance da
guerra de guerrilha a que se dedica a cúpula pefelista contra a pré-candidatura ao Planalto do senador José Serra (SP) pelo PSDB. "Se
mudar, estamos prontos para
examinar [a reconciliação eleitoral]", diz Bornhausen.
Ele deve levar o resultado da
pesquisa ainda nesta semana ao
presidente Fernando Henrique
Cardoso. Na conversa com FHC,
Bornhausen vai reiterar que o PFL
está disposto a abrir mão do candidato a vice-presidente na chapa
em favor do PMDB se Tasso for o
candidato dos tucanos.
A chapa ideal na cabeça da cúpula pefelista seria formada por
Tasso, que é nordestino, e Michel
Temer, o presidente peemedebista, que é de São Paulo.
Bornhausen já sondou FHC
nessa direção, na última conversa
entre os dois. Em outra ocasião,
pediu para Tasso dizer ao presidente que o PFL apoiaria uma
chapa como essa. Os dois, Bornhausen e Tasso, têm a mesma
avaliação: a maior dificuldade na
tarefa para remover Serra é FHC,
que está fechado com o tucano
paulista.
A cúpula pefelista não se dá por
vencida, apesar dos sinais dados
por parcelas do partido, principalmente os governadores estaduais, de que vão apoiar Serra.
Uma outra emboscada já está sendo planejada na guerra para desgastar o tucano.
Trata-se da convocação feita
por uma comissão da Câmara para o ministro Barjas Negri, que
substituiu Serra na Saúde, explicar o contrato com uma empresa
de contra-espionagem, a Fence
Consultoria. O PSDB, até agora,
tem conseguido impedir a audiência com o ministro.
Se ele não depuser, o PFL pretende utilizar os comerciais de TV
do partido para dizer que o Ministério da Saúde desviou dinheiro
de combate à dengue para fazer
espionagem. O contrato da Fence
com a Saúde, para 2002, é de R$
1,8 milhão.
Num jantar marcado para esta
segunda-feira no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente Marco Maciel, e na conversa com FHC, Bornhausen pretende ressaltar outros aspectos da
pesquisa feita entre os congressistas do PFL.
Exemplo: nenhum congressista
de Pernambuco, São Paulo e Paraná está entre os seis votos dados
a Serra na pesquisa. O apoio do
PFL a Serra nesses Estados é dado
como certo na campanha do tucano. "Todo esse pessoal quer mudança", diz Bornhausen.
90% de "sim"
O questionário aplicado aos
congressistas do PFL foi cuidadosamente pensado. Foram três
perguntas, mas a que importava
mesmo era a última: "Se o PSDB
mudasse de candidato teria seu
apoio?". A cúpula pefelista sabia
de antemão que teria a resposta
desejada, 90% de "sim".
O PFL só deve decidir que rumo
tomar no final de maio. Até lá, espera que a campanha de desgaste
de Serra leve o tucano a perder
pontos nas pesquisas, o que poderia abalar a firmeza de FHC na defesa de seu candidato. Outra aposta é que o tucano tropece nas negociações com o PMDB para a
formação de uma aliança.
Espécie de guru da cúpula pefelista, o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Guilherme Palmeira avalia que o tucano
terá muitas dificuldades para fechar com o PMDB. Isso poderia
ser fatal para sua candidatura.
Mas o líder na Câmara, Inocêncio
Oliveira (PE), jogou a tolha: "O jogo está jogado. Não haverá mais
mudança. De zero a 1 milhão, a
chance de o Serra sair é zero".
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