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PREVIDÊNCIA
Ministro diz que governo pode discutir, mas defenderá piso de R$ 1.058 para contribuição de servidores aposentados
Dirceu admite negociar projeto para inativos
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O ministro José Dirceu (Casa
Civil), principal coordenador político do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, afirmou ontem que
o governo está disposto a negociar com os parlamentares eventuais mudanças no piso de R$
1.058,00 para a contribuição de
servidores inativos, estipulado na
proposta de reforma da Previdência que deve chegar nesta quarta-feira ao Congresso Nacional.
"O governo aceita negociar, é
evidente. Nós vamos repactuar no
Congresso Nacional. O governo
vai defender com unhas e dentes
o valor de R$ 1.058 como piso, é a
proposta que fizemos. Mas é evidente que tem de negociar. Nós
estamos na democracia", afirmou
o ministro.
Dirceu se reuniu com o presidente por cerca de duas horas ontem, entre 11h e 13h, no Palácio da
Alvorada, em Brasília.
Os ministros Antonio Palocci
Filho (Fazenda) e Márcio Thomaz
Bastos (Justiça) também participaram do encontro.
Ao deixar o Alvorada, Dirceu, o
único a falar com os jornalistas,
afirmou acreditar que a cobrança
dos aposentados permanece como o único ponto da reforma da
Previdência sobre o qual ainda
não há um consenso dentro de
seu partido, o PT.
Hoje à noite, o ministro-chefe
da Casa Civil se reúne com a coordenação da bancada do partido
na Câmara dos Deputados. À tarde, o ministro Ricardo Berzoini
(Previdência) também se reunirá
com os deputados petistas.
José Dirceu também irá intensificar as conversas com líderes dos
demais partidos que compõem a
base do governo para "encontrar
uma saída que ajude o país".
"Eu acredito que a maioria vai
apoiar a reforma da Previdência e
que o tema polêmico que nós temos é a cobrança dos servidores
inativos. Eu acredito que seja só
esse", disse o ministro.
O valor de R$ 1.058,00 para a tributação dos inativos foi definido
pelo presidente Lula em acordo
com os 27 governadores, que, na
próxima quarta-feira, devem
acompanhar Lula na entrega da
proposta de reforma ao Congresso Nacional.
Dirceu enfatizou que a cobrança dos aposentados é mais importante para os governadores do
que para a esfera federal.
"Não é nem tanto por causa da
União, mas pelos Estados, principalmente. Hoje, Rio Grande do
Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais
estão quase sem condições de pagar o custeio [despesas com a manutenção da máquina pública]",
disse ele.
Teto de servidores
O ministro afirmou que o governo irá se empenhar para fixar,
via reforma da Previdência, um
teto geral para o pagamento dos
servidores federais, o que criaria
as condições para os Estados instituírem o subteto de seu funcionalismo, reivindicação encabeçada principalmente pelos governadores tucanos.
"Nós vamos instituir o subteto
nos Estados", afirmou Dirceu. Segundo ele, a fixação do teto na
PEC (Proposta de Emenda à
Constituição) da Previdência é
necessária porque não há acordo
entre os Poderes.
"Nós vamos resolver essa questão, é uma determinação do presidente e uma convicção dos governadores", disse ele.
No âmbito federal, o teto deverá
ser de R$ 12.720, o salário de um
ministro do Supremo Tribunal
Federal sem adicionais.
A Constituição determina que a
definição de um limite salarial deve ser feita por uma iniciativa
conjunta dos presidentes da República, da Câmara, do Senado e
do Supremo.
Na reunião de ontem, o presidente conversou com os ministros, especialmente com Márcio
Thomaz Bastos, sobre a indicação
de três novos ministros do STF.
Mas, de acordo com Dirceu, nada
foi definido.
"O presidente tem os nomes,
tem as indicações, tem as biografias. O Brasil tem homens e mulheres capacitados para ocupar
essas vagas. Até o dia 9 de maio
tudo estará decidido."
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