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São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2003

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Governadores querem dividir ônus

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nos bastidores, parte dos 27 governadores promete reagir à manobra do Palácio do Planalto para deixar com eles a responsabilidade maior pela aprovação da cobrança previdenciária de 11% dos servidores inativos a partir de R$ 1.058 -ponto mais polêmico da reforma da Previdência. Reservadamente, dizem que não aceitarão "jogo de empurra".
A Folha apurou que governadores do PSDB, do PMDB e do PFL, em conversas na última semana, avaliaram que o Planalto, que enfrenta grande resistência do PT e de seus aliados, tem interesse em passar para eles o desgaste de aprovar a medida.
Alguns desconfiam até de uma eventual "traição" na hora em que a proposta já tramitar no Congresso. Ontem, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, admitiu negociar o valor de R$ 1.058.
O governo enfrenta resistência de cerca de metade da bancada de deputados do PT contra a tributação dos inativos. No limite, os petistas contrários querem elevar para R$ 2.400 o piso para começar a cobrar dos servidores inativos.
Os R$ 2.400 desagradam aos governadores porque o efeito fiscal seria pequeno na comparação com o desgaste da medida. Eles admitem que a cobrança a partir de R$ 1.058 interessa mais aos Estados do que à União.
No entanto, lembram que foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quem sugeriu esse valor na última reunião que tiveram em conjunto, duas semanas atrás.
Mais: os governadores argumentam que foram fechados dois pacotes de reformas, o tributário e o previdenciário. Ou seja, há um acordo pelo qual as duas partes, governo federal e Estados, teriam de agir unidas sob pena de fracassarem na tramitação das reformas no Congresso.
Ontem, um dos governadores comentou reservadamente a declaração de Dirceu, admitindo negociar o valor de R$ 1.058: "O próprio ministro disse que não era bode. Se fraquejar, o efeito fiscal será pior para os Estados, mas o desgaste político cairá na conta do Lula. Se ele for firme com o PT, conseguirá aprovar a medida".
Na semana passada, o governador do Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB), teve audiência com Lula para dar um recado em nome dos oito governadores tucanos. Se Lula fizer o PT votar unido, eles pressionarão a bancada do PSDB, que está na oposição no Congresso, a apoiar as reformas. Lula respondeu que enquadraria o PT.
(KENNEDY ALENCAR)


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