São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

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PAINEL

Cena roubada
Gerou mal-estar no Palácio do Planalto a desenvoltura com que José Dirceu faturou o resultado da reunião dos governadores, cujo roteiro foi silenciosamente costurado por Aldo Rebelo ao longo de duas semanas.

Cortando a fita
Dirceu entrou em cena no domingo, a convite de Aldo, em pré-reunião com os governadores aliados. O ministro da Coordenação Política queria acessar a memória do chefe da Casa Civil a respeito de acordos firmados no início do governo.

Leve e solto
O show de Dirceu depois da reunião dos governadores revela que o ministro decretou formalmente o fim de sua quarentena. Não que em algum momento ele tenha deixado de atuar nos bastidores.

Influência externa
A obstrução da pauta do Senado ontem foi creditada à "rebelião do PMDB". Votava-se a medida provisória que cria, entre outros cargos, a pasta de Aldo Rebelo. Terminou aprovada por 36 a 33. No governo Lula, PMDB é sinônimo de José Dirceu.

Desafio à lógica
Quando viu a petista Ideli Salvatti (SC) perguntar a Fernando Bezerra (PTB-RN), líder do governo no Congresso, se poderia contar com seu voto na sessão de ontem no Senado, Heráclito Fortes (PFL-PI) concluiu: "A base de Lula não existe".

Corpo a corpo
Renan Calheiros pediu à Executiva Nacional do PMDB que condene o projeto de reeleição das Mesas do Congresso. A decisão sai hoje. Será a primeira medição de força entre defensores e adversários da recondução de José Sarney e João Paulo Cunha.

Mudança de hábito
Se analisada antes de 2002, a reeleição das Mesas teria recebido voto contrário de João Paulo. Antigos artigos seus qualificam o mecanismo de casuístico.

Causa própria
Mato Grosso do Sul, governado pelo PT, foi o único Estado que não mandou representante à reunião dos governadores. Ficaria difícil para Zeca do PT não defender a renegociação das dívidas, assunto tabu no Planalto: deve 2,67 vezes o que arrecada.

Tudo a ver
Causou espécie a notícia de que Eunício Oliveira indicará o titular de nova vice-presidência da Caixa. A Confederal, empresa de segurança e transporte de valores pertencente ao ministro, presta serviços à CEF.

Sob medida
A insistência da bancada do PMDB em colocar Carlos Bezerra no INSS intriga o Planalto, mas não o partido. Explicação de um peemedebista: "Cumplicidades passadas e perspectivas futuras cimentam a indicação".

Aqui se paga
Protagonistas da ação que determinou o fichamento de americanos nos aeroportos brasileiros, o procurador Pedro Taques e o juiz Julier Sebastião da Silva tiveram de "tocar piano" em desembarque anteontem nos EUA. Foram conferir bens do "comendador" João Arcanjo.

Júri popular
Carros de som de Joaquim Roriz (PMDB-DF) têm convocado moradores das cidades-satélite de Brasília para o julgamento do processo de cassação do governador, amanhã no TSE. Ciente da estratégia, o tribunal estuda pedir reforço na segurança.

Visita à Folha
Pedro Corrêa (PE), deputado federal e presidente nacional do PP, Celso Russomanno (PP-SP), Ricardo Barros (PP-PR), José Carlos Vasconcellos, presidente da Agronegócios Ltda., e Fernando Carvalho, diretor da empresa, visitaram ontem a Folha.

TIROTEIO

Do deputado Chico Alencar, sobre o colega petista Professor Luizinho ter dito que, se algo der errado com a nomeação de Carlos Bezerra para o INSS, o ônus será do PMDB:
-Abrir mão do rigor ético que está no programa de Lula é uma aberração. Partindo do líder do governo na Câmara, a frase mostra que a situação está de vaca desconhecer bezerro.

CONTRAPONTO

Presente de grego

Antes do início da reunião de segunda em Brasília, os governadores discutiram quem deveria presidir os trabalhos. Quase ao mesmo tempo, vários propuseram o nome do mineiro Aécio Neves (PSDB), talvez o principal organizador do encontro.
O próprio Aécio, que acabaria fazendo as vezes de secretário, apontou o nome do colega tucano Lúcio Alcântara, governador do Ceará. A sugestão foi de pronto aceita pelo grupo.
O paranaense Roberto Requião (PMDB) não perdeu a oportunidade de fazer pilhéria:
-Se o Lula quiser escolher um para ferrar, já tem!
Alcântara, que se revelou um aliado do presidente da República desde o começo do mandato, mas que nos últimos meses começou a demonstrar insatisfação com o volume de verbas federais destinadas a seu Estado, reagiu com bom humor:
-Mas logo eu? E logo agora?


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