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AGENDA NEGATIVA
Postos abandonados facilitam tráfico com Peru e Venezuela
Greve leva PF a desativar
fiscalização em fronteiras
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Postos de Controle de Fronteiras da Polícia Federal para combater o tráfico de drogas estão desativados na fronteira do Brasil
com Venezuela e Peru por conseqüência da greve dos agentes. Na
fronteira com a Colômbia, dez
postos estão em funcionamento
com apenas 10% do efetivo de 150
policiais federais no Amazonas.
A greve dos agentes da PF começou em 9 de março, mês em
que o coordenador de Operações
Especiais de Fronteiras, delegado
Mauro Sposito, planejava ativar
numa faixa de fronteira de 2.995
km a Operação Pebra (junção das
sílabas iniciais de Peru e Brasil).
Sposito também comanda uma
operação em curso em Rondônia
de combate ao crime organizado.
A Pebra seria a segunda operação permanente na fronteira, a
exemplo da Cobra (Colômbia).
Em seguida seria ativada a Vebra
(Venezuela). "As fronteiras estão
sendo mantidas apenas com o
efetivo mínimo para tomar conta
dos imóveis. Nenhuma operação
está sendo realizada desde que estourou a greve", disse Sposito.
"Isso [a greve] fragiliza demais
as ações da Polícia Federal no
combate ao narcotráfico", declarou. Desde sua implantação, em
2000, a Operação Cobra conseguiu, segundo a PF, reduzir o volume de drogas que circulava na
região, de 1.000 kg por ano para
178 kg. "Todo o dispositivo que
foi montado e internacionalmente reconhecido está desmobilizado", afirmou o delegado.
Em um dos postos da Operação
Cobra de São Gabriel da Cachoeira (858 km a oeste de Manaus),
por exemplo, apenas três agentes
trabalham. A área é crítica em razão do narcotráfico e de incursões
de guerrilheiros das Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia). Os três agentes já extrapolaram os 60 dias normais de
trabalho no local. Existe um rodízio de agentes entre os postos,
mas ontem eles completaram 90
dias de plantão porque não há como substituí-los.
De acordo com o presidente interino do Sinpefam (Sindicato
dos Policiais Federais do Amazonas), Júlio César Queiroz, com
98% dos agentes em greve, não dá
para fazer rodízio. "A fronteira é
um problema sensível, mas estamos confiantes que o governo nos
dê uma solução breve", disse.
Desses 98%, segundo Queiroz,
30% trabalham em serviços essenciais para cumprir dispositivo
da lei que regula greves no serviço
público.
De acordo com Mauro Sposito,
o pessoal que trabalha na fronteira é recrutado em outros Estados,
já que o combate ao tráfico é uma
das prioridades da PF. Na base de
Cucuí, perto das fronteiras com
Colômbia e Venezuela, por exemplo, dois agentes estavam trabalhando ontem, um destacado do
Acre, e outro, do Espírito Santo.
Sposito é o coordenador da fase
Mamoré (a segunda) da Operação Rondônia, que foi deflagrada
no dia 20 para coibir o crime organizado no Estado. Haverá ainda mais uma fase, desta vez na
fronteira com a Bolívia.
Dos 480 homens que atuam na
operação, apenas 50 formam o
efetivo de agentes federais. Eles
foram convocados dentro do percentual de 30%. Para amenizar os
impactos da greve numa ação
com a Operação Rondônia, a PF
conta com o apoio de efetivos do
Exército, da Marinha, da Aeronáutica e da Polícia Rodoviária
Federal. Ibama, Funai, Abin também apóiam a operação.
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