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BRASIL PROFUNDO
Três garimpeiros são presos com diamantes extraídos de uma fazenda localizada perto da terra indígena
Polícia identifica 12 suspeitos das mortes
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A Polícia Federal informou ontem que identificou os nomes de
12 índios cintas-largas suspeitos
de terem assassinado pelo menos
29 garimpeiros no último dia 7
dentro da terra indígena Roosevelt, no município de Espigão
d'Oeste (534 km de Porto Velho).
A PF também prendeu três garimpeiros portando armas e
apreendeu 40 gramas de diamantes extraídos ilegalmente de uma
fazenda localizada a 10 km da entrada da terra indígena. Os garimpeiros foram presos anteontem,
por volta das 20h (21h em Brasília), na localidade conhecida como Garimpo da Viúva. Seus nomes não foram divulgados.
Um deles foi solto depois de pagar fiança. Os outros dois permaneciam detidos ontem porque,
além da acusação de extração ilegal de minérios, foram indiciados
sob a acusação de porte ilegal de
armas, um crime inafiançável.
Eles portavam um revólver 38
com numeração raspada e uma
espingarda calibre 12, além de
munição.
As prisões dos garimpeiros são
as primeiras da fase Mamoré (a
segunda) da Operação Rondônia,
que foi deflagrada por uma força-tarefa de órgãos federais liderados
pela PF, no dia 20, para coibir o
crime organizado no Estado. Haverá ainda mais uma fase, na
fronteira com a Bolívia.
Suspeitos
O assessor de imprensa da Operação Rondônia, Joziel Brito, disse que a PF chegou aos nomes dos
índios cintas-largas suspeitos do
massacre de garimpeiros na reserva Roosevelt depois de ouvir
depoimentos de 70 pessoas, entre
garimpeiros, representantes de
associações e familiares de garimpeiros mortos no massacre.
No momento, a investigação está centrada em relacionar o nome
dado no depoimento com o do indígena suspeito. Os cintas-largas
adotam nomes muito semelhantes e originados de uma língua da
família tupi mondé.
"Estamos levantando quem de
fato é quem porque tem nomes
semelhantes como Cerere e Cere,
que podem ser da mesma pessoa.
Só poderemos ouvir esses índios
quando as identidades forem determinadas", disse o assessor.
Segundo ele, os depoimentos
dos índios deverão acontecer
dentro da terra indígena Roosevelt, atendendo os dispositivos
constitucionais de proteção dos
indígenas.
De acordo com Cimi (Conselho
Indígena Missionário) de Rondônia, entidade vinculada à CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil), os cintas-largas se autodenominam panderej, que significa "nós somos gente", e matpe
etamei, ou "peritos no arco", mas
muitos deles adotaram o sobrenome Cinta-Larga, o nome dado
a eles pela Funai (Fundação Nacional do Índio) em razão de os
índios usarem no passado uma
casca grossa de árvore na cintura.
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