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ELEIÇÕES 2006/SÃO PAULO
Promotoria investiga contratos da Prefeitura de São Paulo na gestão de Marta Suplicy que teriam beneficiado aliados dos petistas
Juiz quebra sigilos de institutos ligados ao PT
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O juiz da 13ª Vara da Fazenda
Pública de São Paulo, Edson Ferreira da Silva, quebrou os sigilos
bancário, financeiro e fiscal do
Instituto Florestan Fernandes
(IFF) e de outras entidades ligadas
ao PT, investigadas por terem sido supostamente beneficiadas
durante a administração da ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
Para a Promotoria da Cidadania
de São Paulo, autora do pedido de
quebra, durante a gestão da petista foi criado um sistema para beneficiar aliados políticos. A investigação do Ministério Público
partiu de reportagem publicada
pela Folha em abril de 2004.
A prática relatada na reportagem e investigada pela Promotoria é a seguinte: a prefeitura contratava uma fundação que, por
sua vez, fazia parcerias com institutos do PT ou com profissionais
que atuavam em gestões do partido, sobretudo em Santo André.
A vantagem é que a lei permite
contratar fundações sem a necessidade de licitação.
Um exemplo: em setembro de
2003 a Secretaria Municipal das
Finanças contratou a Fundação
de Desenvolvimento da Pesquisa
(Fundep) por R$ 1,21 milhão para
"prestação de serviços técnicos
especializados de consultoria e assessoria na área de desenvolvimento institucional".
A intenção era "melhorar o
atendimento direto a cidadãos
que recorrem ao posto central de
atendimento". Dos 16 currículos
de profissionais anexados ao processo, sete eram do IFF e outros
cinco ligados ao PT. A maioria tinha como área de atuação o jornalismo.
Além da Fundep, a Fundação
Getúlio Vargas (FGV) também foi
contratada pelo município e repassou parte do trabalho ao IFF,
criado em julho de 1999 por iniciativa do diretório municipal do
PT e presidido por Marta Suplicy
até o final de 2000, antes de assumir a Prefeitura de São Paulo.
Em pelo menos 11 contratos levantados pela Promotoria, a prefeitura repassou R$ 12,81 milhões
às duas fundações. Deste total,
R$ 4,78 milhões foram para os
institutos petistas ou consultores
vinculados ao partido.
Uma outra ONG, a Sampa.Org,
que até 2002 era vinculada ao IFF,
foi contratada de forma direta pela Secretaria Municipal da Educação, por R$ 1,25 milhão, para
"prestação de serviços técnicos
especializados de implantação do
projeto portal do CEU".
"O que realmente se buscava
(...) era permitir (e assim beneficiar, favorecer e apaniguar) que
determinadas pessoas, (...) o Instituto Florestan Fernandes e Sampa.Org, todos estreitamente ligados aos então administradores
públicos municipais, prestassem
serviços à municipalidade de São
Paulo, por interposta pessoa (as
fundações) e mediante polpuda
remuneração, sem serem submetidos ao processo licitatório", escreveu o promotor Saad Malzoum no pedido de quebra.
O objetivo, afirmou o promotor, é saber se as entidades e empresas subcontratadas eram as
reais destinatárias finais dos recursos públicos.
Família
O jornalista Florestan Fernandes Jr. disse ontem que irá pedir
aos dirigentes do IFF que mudem
o nome da entidade. Caso isso
não ocorra, ele irá pedir a mudança na Justiça. "Minha família não
quer mais ver o nome de meu pai
vinculado ao instituto. Pelos valores éticos que ele sempre defendeu, não merece tudo isso."
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