São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/SÃO PAULO

Promotoria investiga contratos da Prefeitura de São Paulo na gestão de Marta Suplicy que teriam beneficiado aliados dos petistas

Juiz quebra sigilos de institutos ligados ao PT

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O juiz da 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, Edson Ferreira da Silva, quebrou os sigilos bancário, financeiro e fiscal do Instituto Florestan Fernandes (IFF) e de outras entidades ligadas ao PT, investigadas por terem sido supostamente beneficiadas durante a administração da ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
Para a Promotoria da Cidadania de São Paulo, autora do pedido de quebra, durante a gestão da petista foi criado um sistema para beneficiar aliados políticos. A investigação do Ministério Público partiu de reportagem publicada pela Folha em abril de 2004.
A prática relatada na reportagem e investigada pela Promotoria é a seguinte: a prefeitura contratava uma fundação que, por sua vez, fazia parcerias com institutos do PT ou com profissionais que atuavam em gestões do partido, sobretudo em Santo André.
A vantagem é que a lei permite contratar fundações sem a necessidade de licitação.
Um exemplo: em setembro de 2003 a Secretaria Municipal das Finanças contratou a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) por R$ 1,21 milhão para "prestação de serviços técnicos especializados de consultoria e assessoria na área de desenvolvimento institucional".
A intenção era "melhorar o atendimento direto a cidadãos que recorrem ao posto central de atendimento". Dos 16 currículos de profissionais anexados ao processo, sete eram do IFF e outros cinco ligados ao PT. A maioria tinha como área de atuação o jornalismo.
Além da Fundep, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) também foi contratada pelo município e repassou parte do trabalho ao IFF, criado em julho de 1999 por iniciativa do diretório municipal do PT e presidido por Marta Suplicy até o final de 2000, antes de assumir a Prefeitura de São Paulo.
Em pelo menos 11 contratos levantados pela Promotoria, a prefeitura repassou R$ 12,81 milhões às duas fundações. Deste total, R$ 4,78 milhões foram para os institutos petistas ou consultores vinculados ao partido.
Uma outra ONG, a Sampa.Org, que até 2002 era vinculada ao IFF, foi contratada de forma direta pela Secretaria Municipal da Educação, por R$ 1,25 milhão, para "prestação de serviços técnicos especializados de implantação do projeto portal do CEU".
"O que realmente se buscava (...) era permitir (e assim beneficiar, favorecer e apaniguar) que determinadas pessoas, (...) o Instituto Florestan Fernandes e Sampa.Org, todos estreitamente ligados aos então administradores públicos municipais, prestassem serviços à municipalidade de São Paulo, por interposta pessoa (as fundações) e mediante polpuda remuneração, sem serem submetidos ao processo licitatório", escreveu o promotor Saad Malzoum no pedido de quebra.
O objetivo, afirmou o promotor, é saber se as entidades e empresas subcontratadas eram as reais destinatárias finais dos recursos públicos.

Família
O jornalista Florestan Fernandes Jr. disse ontem que irá pedir aos dirigentes do IFF que mudem o nome da entidade. Caso isso não ocorra, ele irá pedir a mudança na Justiça. "Minha família não quer mais ver o nome de meu pai vinculado ao instituto. Pelos valores éticos que ele sempre defendeu, não merece tudo isso."


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