São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OAB acusa movimentos de golpismo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Roberto Busato, protestou contra líderes de movimentos populares, dizendo que eles agem como golpistas e tentam intimidar a sociedade, ao discursar ontem na posse da ministra Ellen Gracie Northfleet na presidência do STF (Supremo Tribunal Federal).
"O noticiário da imprensa informa que lideranças que manipulam movimentos populares, mas que se mostram populistas e autoritários em seu perfil e conduta, ameaçam reproduzir em nosso país estratégia de divisão da sociedade caso a crise política brasileira tenha desfecho que lhes desagrade." Ele não citou diretamente o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e falou apenas de forma indireta na hipótese de impeachment do presidente Lula examinada pela OAB, que os movimentos classificam de golpista.
"Ameaçam colocar nas ruas, em franca hostilidade contra as classes média e alta, massas de trabalhadores desempregados e subempregados. Ameaçam em suma a paz pública e tentam intimidar a sociedade civil, sonegando-lhe o direito à livre manifestação. Agem como golpistas e têm o desplante de querer imputar a nós essa pecha, que cabe apenas a eles."
Busato também respondeu ao líder do MST João Pedro Stedile, que chamou a OAB de "tresloucada e neoliberal". Sem citá-lo, ele disse que essa afirmação "é um atentado a tudo o que a entidade construiu em seus 76 anos de história". Ao mesmo tempo, o presidente da OAB afirmou que a entidade não cederá a pressões políticas, tanto do governo quanto da oposição. Para ele, a OAB é "protagonista na cena política" sempre que a República sofre "abalos", mas muitas pessoas não entendem o papel da entidade.
"O quadro político brasileiro, conturbado por uma série de escândalos que sobre ele se abateram, põe neste momento em relevo o papel institucional da OAB. Nem todos o compreendem. Uns nos acusam de vínculos partidários, outros nos acusam de porta-vozes de correntes ideológicas. Nem uma coisa nem outra -e isso não é novidade."
Busato reagiu contra a possibilidade de os advogados serem responsabilizados pela demora na tramitação do processo que deverá resultar da denúncia criminal do "mensalão" no STF, falando em um atraso estimado de "até dois anos". (SILVANA DE FREITAS)


Texto Anterior: Perfil: Assessores elogiam discrição e gosto pela Corte dos EUA
Próximo Texto: Recuo amigo: Tarso desiste de carta com críticas ao PT
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.