São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006

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RECUO AMIGO

Tarso desiste de carta com críticas ao PT

FÁBIO ZANINI
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um texto de duas páginas com críticas severas ao governo e ao PT, preparado pelo coordenador político da Presidência, Tarso Genro, por pouco não arruina o desejo da cúpula petista de ignorar a crise do mensalão no seu 13º Encontro Nacional, que começa hoje em São Paulo.
No final da tarde, após pressão do presidente do partido, Ricardo Berzoini, Tarso capitulou e desistiu de apresentar o documento hoje. A preocupação de Berzoini era evitar manchas num encontro pensado para ser "alto-astral", apontando para o futuro e para as realizações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A "Carta ao Partido", obtida pela Folha, estragaria a festa petista já na primeira frase: "Vivemos tempos ásperos". O texto afirma que a crise foi "induzida por poucos", mas que a responsabilidade é coletiva. "Muitos entre nós, no mínimo, não estivemos atentos ou mesmo silenciamos."
Em seguida, a crítica mais pesada: falta um projeto ao governo. "A crise tem dupla dimensão: "crise política", com ingredientes morais; e "crise de projeto estratégico", que é nossa e que contém um pouco das limitações de toda a esquerda mundial."
Longe de passar uma borracha no escândalo, como defende grande parte da cúpula petista, o texto pede a punição para os culpados. Apesar de não citar nomes, o recado é endereçado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
"Enfrentar o presente, para nós, é enfrentar esta crise: prosseguir na apuração de responsabilidades legais quanto às violações estatutárias mas também das responsabilidades políticas que nos legaram esta situação."
O texto vinha sendo trabalhado por Tarso há uma semana. Entre os abordados pelo ministro para subscreverem o manifesto estiveram o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), o assessor da Presidência, Marco Aurélio Garcia, e o próprio Berzoini, que ficou bastante irritado.


Leia a íntegra da carta

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