São Paulo, sábado, 28 de abril de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Encruzilhada

Enquanto a base aliada de Lula vai acertando um roteiro básico de atuação na CPI do Apagão Aéreo da Câmara, PSDB e DEM não se entendem em quase nada. A divergência da vez diz respeito ao que fazer diante da disposição dos governistas para monopolizar os dois postos-chave da comissão, dividindo presidência e relatoria entre PT e PMDB.
Os ex-pefelistas encomendaram a técnicos do partido a elaboração, neste feriado, de uma ação direta de inconstitucionalidade na tentativa de derrubar judicialmente a "reserva de mercado". Já os tucanos dão de ombros para a estratégia dos parceiros. Alegam que podem influenciar os rumos da comissão mesmo instalados em cadeiras de menor importância.

Meu pirão. No ofício em que pede à liderança do PSDB que reconsidere a decisão de colocá-lo apenas na suplência da CPI, Otávio Leite diz que deveria ter primazia por ser do Rio de Janeiro, onde "problemas do apagão aéreo produzem graves transtornos à população e à economia".

Aprendiz. O DEM garantiu vaga na CPI para Efraim Filho, 28, sob o argumento de que o deputado precisa "ser preparado para o futuro". O filho do senador Efraim Morais (RN) é uma das apostas dos ex-pefelistas no projeto de renovação de seus quadros.

Pé na porta. De Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), sobre a disposição dos governistas para excluir seu nome da lista de integrantes da CPI: "Se me vetarem, azar o deles. Vou participar dos depoimentos de qualquer jeito".

Bode. No mundo das desavenças internas do PMDB, o arranca-rabo da hora se dá entre os deputados Jader Barbalho (PA) e Eunício Oliveira (CE). O primeiro enxerga o dedo do segundo na profusão de noticiário negativo que lhe cai sobre a cabeça e dificulta a nomeação de seus indicados para a máquina federal.

Vitrine. O grupo da "Mensagem ao Partido", corrente do PT liderada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, já inaugurou site na internet (www.mensagemaopartido.org.br) para divulgar as teses que levará ao congresso da legenda, em agosto.

Explosivo. O advogado Luiz Roberto Pardo, apontado como intermediário no suposto comércio de sentenças no Judiciário de São Paulo, fez chegar a outros investigados pela Operação Têmis o aviso de que não aceitará calado um eventual pedido de prisão.

Contracheque. Uma vez formalizada a incorporação do Besc pelo BB, este deverá assumir as contas do funcionalismo de Santa Catarina. O governo estadual espera receber até R$ 300 mi. O acordo com o Bradesco, que havia vencido leilão para prestar o serviço, foi cancelado.

Mesma mesa. Os desafetos FHC e Itamar Franco confirmaram presença em debate sobre economia latino-americana no dia 21 de maio em Belo Horizonte. Trata-se de evento do BDMG, banco que tem Itamar à frente de seu Conselho de Administração.

Como? Integrante da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara, Vanderlei Macris (PSDB-SP) pediu esclarecimento ao Ministério da Saúde sobre um estranho item da lista de produtos incluídos em tratado de comércio do Mercosul com a Índia: "cocaína e seus sais".

W.O. Doutor Rosinha (PT-PR) foi voto vencido entre os 46 deputados que reelegeram Rafael Guerra (PSDB-MG) para comandar a Frente Parlamentar de Saúde, mas não chegou a disputar o cargo.

Estepe. A cúpula do DEM tentou emplacar o deputado Carlos Melles na direção da sigla em Minas, mas esbarrou nas pretensões de seu colega de Câmara Vítor Penido. A vaga deve ficar com um terceiro nome para evitar racha.

Tiroteio

"Enquanto o Senado reduzia a maioridade penal, o Conselho de Ética da Câmara a ampliava: está decidido que todo parlamentar é inimputável por malfeitorias ocorridas até sua eleição".
Do deputado CHICO ALENCAR (PSOL-RJ) sobre a decisão de sepultar processos contra deputados que não tiveram seus envolvimentos com o mensalão e os sanguessugas julgados na legislatura passada.

Contraponto

Cada um na sua

Em 1992, quando o vereador Carlos Apolinário (DEM) era deputado estadual pelo PMDB e ocupava a presidência da Assembléia Legislativa paulista, convocou uma reunião de líderes para tentar desobstruir a pauta de votações. Iniciado o debate, Apolinário dirigiu-se ao líder da bancada do PT, João Paulo Cunha, hoje deputado federal:
-O que o senhor sugere? Por acaso tem alguma solução para que a gente possa voltar a votar?
João Paulo foi franco e direto:
-Olha, presidente, como oposição, nossa especialidade é criar impasses. Resolvê-los já é outro departamento...


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