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Turcão admite ser bicheiro há 67 anos, mas nega participação nos caça-níqueis
DA SUCURSAL DO RIO
Acusado de ser um dos líderes e beneficiários da quadrilha
que comprava decisões judiciais, o contraventor Antônio
Petrus Kalil, o Turcão, 82, admitiu inicialmente à Polícia Federal ser bicheiro há 67 anos,
mas negou atuar na exploração
de máquinas caça-níqueis e pagar policiais por informações.
Porém, na quinta-feira, em
depoimento à Justiça Federal
do Rio, disse que abandonou a
contravenção quatro meses
atrás. Seguindo a lei do silêncio
corrente na contravenção, admitiu conhecer os amigos Aniz
Abrahão David, o Anísio, e Aílton Guimarães Jorge, o Capitão
Guimarães, mas disse não saber se são banqueiros do bicho.
Reconhecer a atuação no jogo do bicho é praticamente irrelevante neste caso, que investiga o contrabando de caça-níqueis e a corrupção de juízes: o
bicho é contravenção penal
(ato ilícito menos importante
que o crime), e não crime.
No seu primeiro depoimento
à PF, Turcão acusou o juiz do
Trabalho Ernesto Dória de usar
seu nome para obter vantagens. Questionado por que Dória o chama de "padrinho",
"respondeu que o mesmo usa o
seu nome para conseguir benefícios diversos". Na oitiva seguinte, recuou e disse que o juiz
o chamava assim devido à intimidade existente entre eles.
Ele contou que conhece Júlio
Guimarães, mas não tem vínculos com ele, e ignora a atuação
dele na Aberj (Associação dos
Administradores de Bingo e Similares do Rio de Janeiro). Disse que não conhece o juiz Ricardo Regueira ou o procurador
João Sérgio Leal. Perguntado
sobre a razão de reunião com
Regueira, "disse que não conhecia o motivo".
"Caixinha"
Ontem prestaram depoimento à Justiça o presidente e
o vice-presidente da Aberj,
Paulo Roberto Ferreira Lino, e
José Renato Granado, e o contraventor Júlio César Guimarães Sobreira. Os três estão presos. Granado e Lino são apontados como responsáveis por
fazer uma "caixinha" entre os
donos de bingos para obter decisões judiciais favoráveis.
Granado é apontado no mercado como o grande bingueiro
do Estado do Rio, tendo participação de fato ou de direito em
grande número de casas do gênero. Por sua vez, Júlio Guimarães é sobrinho do contraventor Aílton Guimarães Jorge, o
Capitão Guimarães. Dentro de
uma parede falsa de um imóvel
seu, a PF encontrou cerca de R$
10 milhões em espécie.
Guimarães foi orientado pelo
advogado Nélio Machado a ficar calado. Ele alegou o direito
constitucional de não produzir
prova contra si mesmo e não
respondeu às perguntas.
Granado foi o primeiro a depor. Inquirido pela juíza Ana
Paula Vieira de Carvalho, ele
teve dificuldades em explicar
conversas telefônicas flagradas
por escutas da Polícia Federal.
O segundo a falar foi Paulo
Lino, que sucedeu Granado na
presidência da Aberj. Contou
ser dono de três casas de bingo
no Rio, mas negou participação
em irregularidades.
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