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NO AR
Da polarização às baianas
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Bem que o dia começou no
roteiro traçado por Nizan
Guanaes e sua equipe. Alexandre Garcia, por exemplo:
- A polarização nas eleições é
inevitável. Serra é governo, Lula
é oposição.
Também Franklin Martins:
- O PSDB vai polarizar a
campanha e concentrar ataques
em Lula.
Mas ficou por aí, porque logo
se anunciou a pesquisa Sensus.
Serra havia caído -e a polarização, se existe de fato, parecia
estar então entre Garotinho, que
foi a segundo, e Lula.
Foi a "virada eleitoral", como
proclamou o Jornal da Band. E
foi o bastante para o tucano reagir com carga retórica de fazer
inveja ao populista Garotinho
-ou ao comentarista de futebol
Cacá Rosset.
Serra falou em pesquisas de
sua própria campanha que
apontariam cenário oposto. Segundo a Jovem Pan, ele chegou a
anunciar, para o caso de o instituto Sensus estar certo:
- Os meus publicitários disseram que se vestiriam de baianas
e dançariam na porta.
Entende-se que, entre os publicitários, estaria o baiano Nizan
Guanaes.
Esquecido nos cenários de "polarização", Ciro Gomes dá entrevistas freneticamente. Passou
pelo Canal Livre redivivo, no fim
de semana, na Band.
E fala amanhã a João Gordo,
da MTV -com transmissão só
daqui a duas semanas.
Quem ligasse ontem a TV teria
a sensação de que o horário eleitoral já estava no ar.
Ciro surgiu em foto, na mão de
um locutor, e no discurso petebista de Gastone Righi. Garotinho surgiu em terno bem cortado e pose de estadista, na esteira
de Lula.
Paulo Maluf bradou que o dinheiro dos pedágios de São Paulo vai para empresários "amigos". Aloizio Mercadante apelou
a Eduardo Suplicy, como vêm fazendo tantos petistas, para se
apresentar.
Sem contar um interminável
Orestes Quércia, José Genoino,
as obras de Geraldo Alckmin, até
José Sarney. Todos ontem -e o
horário eleitoral só vai começar,
dizem, em agosto.
Os partidos gastam cartucho
publicitário à toa ou quase. A começar da Globo, mas não só, a
TV volta os olhos para a Copa
-e já sufoca a vontade do telespectador.
O Jornal Nacional, ancorado
da Coréia do Sul, não quer outro
assunto. De pesquisa, por exemplo, preferiu uma do Ibope que
apontou que os brasileiros querem leis que controlem as finanças dos clubes.
Nada de Lula em alta, José Serra em queda etc.
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