São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002

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NO AR

Da polarização às baianas

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Bem que o dia começou no roteiro traçado por Nizan Guanaes e sua equipe. Alexandre Garcia, por exemplo:
- A polarização nas eleições é inevitável. Serra é governo, Lula é oposição.
Também Franklin Martins:
- O PSDB vai polarizar a campanha e concentrar ataques em Lula.
Mas ficou por aí, porque logo se anunciou a pesquisa Sensus. Serra havia caído -e a polarização, se existe de fato, parecia estar então entre Garotinho, que foi a segundo, e Lula.
Foi a "virada eleitoral", como proclamou o Jornal da Band. E foi o bastante para o tucano reagir com carga retórica de fazer inveja ao populista Garotinho -ou ao comentarista de futebol Cacá Rosset.
Serra falou em pesquisas de sua própria campanha que apontariam cenário oposto. Segundo a Jovem Pan, ele chegou a anunciar, para o caso de o instituto Sensus estar certo:
- Os meus publicitários disseram que se vestiriam de baianas e dançariam na porta.
Entende-se que, entre os publicitários, estaria o baiano Nizan Guanaes.
 
Esquecido nos cenários de "polarização", Ciro Gomes dá entrevistas freneticamente. Passou pelo Canal Livre redivivo, no fim de semana, na Band.
E fala amanhã a João Gordo, da MTV -com transmissão só daqui a duas semanas.
 
Quem ligasse ontem a TV teria a sensação de que o horário eleitoral já estava no ar.
Ciro surgiu em foto, na mão de um locutor, e no discurso petebista de Gastone Righi. Garotinho surgiu em terno bem cortado e pose de estadista, na esteira de Lula.
Paulo Maluf bradou que o dinheiro dos pedágios de São Paulo vai para empresários "amigos". Aloizio Mercadante apelou a Eduardo Suplicy, como vêm fazendo tantos petistas, para se apresentar.
Sem contar um interminável Orestes Quércia, José Genoino, as obras de Geraldo Alckmin, até José Sarney. Todos ontem -e o horário eleitoral só vai começar, dizem, em agosto.
 
Os partidos gastam cartucho publicitário à toa ou quase. A começar da Globo, mas não só, a TV volta os olhos para a Copa -e já sufoca a vontade do telespectador.
O Jornal Nacional, ancorado da Coréia do Sul, não quer outro assunto. De pesquisa, por exemplo, preferiu uma do Ibope que apontou que os brasileiros querem leis que controlem as finanças dos clubes.
Nada de Lula em alta, José Serra em queda etc.



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