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MÍDIA OFICIAL
Canal deve consumir R$ 24 milhões por ano; Radiobrás, STF, Câmara e Senado vão controlar programação
Governo vai criar TV estatal internacional
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Está pronta, para ser assinada
pelo presidente Lula, a minuta do
decreto que cria a TV Pública Internacional do Brasil. Trata-se de
um canal de televisão estatal, financiado pela Radiobrás, Senado,
Câmara dos Deputados e pelo
STF (Supremo Tribunal Federal).
O canal de televisão nasce com
orçamento autorizado de R$ 10,3
milhões para este ano, mas, a partir do ano que vem, consumiria
cerca de R$ 24 milhões por ano. A
cifra é quase igual à que o Ministério da Educação tem para gastar
com uniformes escolares, de R$
25 milhões, em 2004. Corresponde, ainda, a 480 mil benefícios básicos pagos pelo programa Bolsa-Família, de combate à fome.
Segundo o diretor de comunicação do Senado, Armando Rollemberg, a criação do canal deve
ser anunciada oficialmente em julho ou agosto. O ""controle político" da programação será compartilhado entre Senado, Câmara,
STF e Radiobrás. O canal será
transmitido, via satélite, inicialmente para as redes de TV por assinatura dos países do Mercosul.
Posteriormente, seria estendido
aos demais países de línguas espanhola e portuguesa e para os países com forte presença de brasileiros, como os EUA e Japão.
O diretor do Senado informa
que há negociações com a Sky e
com a DirecTV para a distribuição do canal para a América Latina. A maior parte dos recursos
previstos para este ano virá da Radiobrás, que já tem previsão orçamentária para gastar R$ 8,2 milhões com o projeto em 2004. O
Senado e a Câmara reservaram
R$ 1 milhão cada um, enquanto o
STF previu gastar R$ 151 mil.
O projeto da TV estatal internacional foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no ano passado.
Segundo Rollemberg, Lula gostou
da proposta e determinou que ela
fosse desenvolvida. A versão final
foi apresentada a ele há cerca de
15 dias. A TV funcionará dentro
da Radiobrás e será administrada
por um comitê gestor formado
por representantes do Senado, da
Câmara, do STF, do Ministério
das Relações Exteriores, da Secretaria de Comunicação da Presidência e da Radiobrás.
O canal veiculará programas
produzidos pela Radiobrás e pelas TVs do Legislativo e do Judiciário. Terá ainda filmes do cinema nacional e programas adquiridos de produtores independentes
e de emissoras comerciais. Segundo Rollemberg, não serão transmitidas as sessões de votação,
mas programas especiais, como
shows e entrevistas, além dos noticiários dos canais do Legislativo
e do Judiciário. O diretor de comunicação do Senado diz que o
canal estatal vai divulgar a cultura
brasileira "em grande estilo" e
mostrar ao exterior que o país tem
"tradição e maturidade política".
O diretor de comunicação da
Câmara, Márcio Araújo, defende
a criação do canal dizendo que ele
contribuiria para melhorar a percepção da cultura brasileira no exterior e as relações comerciais.
"A gente acha que o Brasil precisa ter um canal de divulgação no
exterior", diz Araújo. Já existe um
projeto para criação de um canal
de televisão internacional, chamado TAL (Televisão da América
Latina), desenvolvido por Gabriel
Priolli, diretor do Canal Universitário, de São Paulo. O projeto da
TAL, segundo Priolli, é reunir a
produção independente dos países da América Latina e redistribuí-la para que seja incluída na
grade de programação das TVs
comerciais e por assinatura. O canal está orçado em R$ 12 milhões.
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