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AMAZÔNIA
Governo afirma que só sanciona permissão para derrubar aviões suspeitos se procedimentos forem uniformes
Lei de ataque a aviões depende de vizinhos
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal decidiu que
só vai regulamentar a chamada
Lei do Abate quando o Brasil e
seus vizinhos sul-americanos da
Amazônia (Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela) fixarem procedimentos semelhantes. Essa lei permite derrubar aeronaves que se
recusarem a se identificar ou
cumprir ordens de pouso.
No Peru e na Colômbia já existe
autorização para o abate, mas o
governo brasileiro também quer
uma maior sincronia nas ações
aéreas antes de permitir a derrubada de aviões. Na semana que
vem, um representante do governo colombiano virá ao Brasil para
tratar exclusivamente desse tema.
Os Estados Unidos fazem pressão para que a legislação adotada
seja uniforme. Os norte-americanos temem que aeronaves suas
sejam derrubadas por engano.
Segundo o Ministério da Defesa, tudo depende de "uma costura
internacional diplomática" para
que se crie um "sistema interativo
de controle".
Há quem argumente que o abate representaria, na prática, uma
implementação da pena de morte
-não apenas para o piloto, mas
também para eventuais ocupantes do avião.
No Brasil, está em fase final de
elaboração o texto de um decreto
presidencial que tratará do tema.
O artigo, do Código Brasileiro de
Aeronáutica, já foi sancionado
pelo Congresso, em 1998.
Os países, sob iniciativa do Brasil, buscam a adoção de um "sistema de visualização único", o que
permitiria, segundo a Defesa,
uma "transferência de alvo". Um
exemplo: uma aeronave perseguida pelos radares colombianos já
entraria em território brasileiro
como suspeita.
Em recente audiência na Câmara dos Deputados, o ministro José
Viegas (Defesa) ratificou a idéia
do governo brasileiro de regulamentar a lei. Para o ministério, o
caso não pode ser tratado como
uma "pena de morte", e sim como
uma "resistência à prisão".
Para acelerar o processo, o Brasil já colocou à disposição dos vizinhos de Amazônia uma proposta de integração ao Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
Um sistema único, segundo a
Defesa, facilitaria a execução das
leis. A pasta, porém, não deu detalhes disso. O Brasil é o único país
da região a dominar tecnologia de
monitoramento aéreo e sensoriamento remoto -que permite
vasculhar vastas extensões de solo
por meio de radares, sensores infravermelho e de microondas.
Em junho do ano passado, um
avião do Sivam conseguiu localizar um cativeiro em território peruano, o que permitiu a libertação
de reféns que estavam sob a guarda do grupo guerrilheiro Sendero
Luminoso. A ação foi requisitada
pelo governo do Peru.
Regulamentada, a Lei do Abate
deve priorizar o controle a ações
de narcotraficantes. Hoje, segundo o Ministério da Defesa, aeronaves sem identificação entram
diariamente em território brasileiro já cientes de que não podem
receber o "tiro de destruição".
Atualmente, existem oito procedimentos em vigor na checagem de um vôo. O abate seria o
nono. Esses procedimentos incluem checar a rota do avião e o
prefixo dele no DAC (Departamento de Aviação Civil), tentar
estabelecer contato por rádio
-inclusive na freqüência de
emergência internacional- e
disparar um tiro de advertência.
Todos esses procedimentos farão parte do decreto presidencial,
ainda sem data definida para assinatura do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
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