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Fundador da Kroll tentou aproximação com o governo Lula
Jules Kroll se encontrou duas vezes com o então ministro Antonio Palocci no Fórum Econômico Mundial, em Davos
Relatório de fevereiro diz
que Palocci teria prometido
falar com ministro da Justiça
sobre a atuação da Polícia
Federal contra a empresa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Não foi somente Frank Holder que se encarregou de colher
informações sobre as autoridades brasileiras. Jules Kroll, fundador da empresa de investigação que leva seu nome, também
tratou de se aproximar de integrantes do governo federal.
Um dos quatro blocos de informação do relatório da Kroll
datado do dia 7 de fevereiro do
ano passado é escrito pelo próprio Jules. Ele conta que esteve
com o ex-ministro Antonio Palocci Filho em Davos (Suíça),
em janeiro de 2005, durante o
encontro promovido pelo Fórum Econômico Mundial.
Palocci participou de um debate sobre o tema "Cena Iberoamericana: qual caminho
agora?", no dia 28 de janeiro, e
de uma sessão plenária com investidores, no dia 29, além de
diversos encontros paralelos.
De acordo com Jules, foram
dois os encontros que teve com
o então ministro da Fazenda
para discutir especificamente o
problema da Kroll no Brasil,
devido ao fato de ter sido investigada pela Polícia Federal, e da
Brasil Telecom.
Segundo o dono da empresa
de investigação, Palocci foi
apresentado a ele por Bill Rhodes, um dos principais executivos do Citibank.
Encontros
No primeiro encontro com
Palocci, em que haveria outras
pessoas presentes, Jules demonstrou ao ministro sua
preocupação com a forma
agressiva como a empresa vinha sendo tratada no Brasil.
Palocci teria dito que conhecia o bom da empresa e que estava ciente do incidente específico (a investigação feita pela
Polícia Federal). Teria dito
também que levaria a questão
ao ministro Márcio Thomaz
Bastos (Justiça), a quem a PF
está subordinada.
O segundo encontro foi somente entre os dois, de acordo
com Jules. Palocci teria dito o
seguinte ao dirigente da Kroll:
"Considere-me como seu amigo. Eu vou te ajudar".
Por meio de sua assessoria,
Jules confirmou ter se encontrado com Palocci em Davos.
Disse ainda que enviou um bilhete de próprio punho ao ministro, agradecendo-lhe por
sua atenção.
Lula e Dirceu
De acordo com as informações das autoridades americanas obtidas por Holder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
veria o problema da Brasil Telecom somente como uma disputa comercial na qual o governo não se envolveria.
Já o ex-ministro José Dirceu
(Casa Civil) teria uma postura
geralmente favorável à "BrT
[Brasil Telecom]/Opp [Opportunity]/Kroll".
Holder conta que o conselheiro comercial dos Estados
Unidos no Brasil teria tido conversas privadas com o ministro
Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e o presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários),
Marcelo Trindade, erroneamente identificado no relatório
como presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
De acordo com o relato atribuído a Harris, Márcio Thomaz
Bastos e Marcelo Trindade teriam uma visão negativa da
Kroll e de seu cliente, a Brasil
Telecom/Opportunity.
(LEONARDO SOUZA)
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