São Paulo, domingo, 28 de maio de 2006

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Fundador da Kroll tentou aproximação com o governo Lula

Jules Kroll se encontrou duas vezes com o então ministro Antonio Palocci no Fórum Econômico Mundial, em Davos

Relatório de fevereiro diz que Palocci teria prometido falar com ministro da Justiça sobre a atuação da Polícia Federal contra a empresa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Não foi somente Frank Holder que se encarregou de colher informações sobre as autoridades brasileiras. Jules Kroll, fundador da empresa de investigação que leva seu nome, também tratou de se aproximar de integrantes do governo federal.
Um dos quatro blocos de informação do relatório da Kroll datado do dia 7 de fevereiro do ano passado é escrito pelo próprio Jules. Ele conta que esteve com o ex-ministro Antonio Palocci Filho em Davos (Suíça), em janeiro de 2005, durante o encontro promovido pelo Fórum Econômico Mundial.
Palocci participou de um debate sobre o tema "Cena Iberoamericana: qual caminho agora?", no dia 28 de janeiro, e de uma sessão plenária com investidores, no dia 29, além de diversos encontros paralelos.
De acordo com Jules, foram dois os encontros que teve com o então ministro da Fazenda para discutir especificamente o problema da Kroll no Brasil, devido ao fato de ter sido investigada pela Polícia Federal, e da Brasil Telecom.
Segundo o dono da empresa de investigação, Palocci foi apresentado a ele por Bill Rhodes, um dos principais executivos do Citibank.

Encontros
No primeiro encontro com Palocci, em que haveria outras pessoas presentes, Jules demonstrou ao ministro sua preocupação com a forma agressiva como a empresa vinha sendo tratada no Brasil.
Palocci teria dito que conhecia o bom da empresa e que estava ciente do incidente específico (a investigação feita pela Polícia Federal). Teria dito também que levaria a questão ao ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), a quem a PF está subordinada.
O segundo encontro foi somente entre os dois, de acordo com Jules. Palocci teria dito o seguinte ao dirigente da Kroll: "Considere-me como seu amigo. Eu vou te ajudar".
Por meio de sua assessoria, Jules confirmou ter se encontrado com Palocci em Davos. Disse ainda que enviou um bilhete de próprio punho ao ministro, agradecendo-lhe por sua atenção.

Lula e Dirceu
De acordo com as informações das autoridades americanas obtidas por Holder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva veria o problema da Brasil Telecom somente como uma disputa comercial na qual o governo não se envolveria.
Já o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) teria uma postura geralmente favorável à "BrT [Brasil Telecom]/Opp [Opportunity]/Kroll".
Holder conta que o conselheiro comercial dos Estados Unidos no Brasil teria tido conversas privadas com o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e o presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Marcelo Trindade, erroneamente identificado no relatório como presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
De acordo com o relato atribuído a Harris, Márcio Thomaz Bastos e Marcelo Trindade teriam uma visão negativa da Kroll e de seu cliente, a Brasil Telecom/Opportunity.
(LEONARDO SOUZA)

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