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Escândalo reabre debate para mudança da lei orçamentária
Congresso tem propostas para eliminar as emendas individuais, grande alvo de críticas
Usada para obras de baixo valor nos redutos eleitorais, medida é criticada por pulverizar recursos púbicos e dificultar a fiscalização
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O surgimento de mais um escândalo de corrupção deu novo
alento às várias propostas que
circulam no Congresso para alterar as regras de elaboração da
lei orçamentária, já modificadas quatro vezes desde 1993,
ano da CPI do Orçamento.
Embora não haja evidências
-ao menos, até o momento-
de que o esquema investigado
pela Operação Navalha passe
pela tramitação do Orçamento,
as acusações de desvio de dinheiro público já serviram de
argumento para, por exemplo,
um projeto que impede o Executivo de bloquear gastos aprovados pelos parlamentares.
Outras idéias em discussão,
nenhuma delas consensual, vão
no sentido oposto: restringir ou
eliminar as emendas parlamentares, como são conhecidas as despesas que deputados
e senadores têm o direito de incluir no Orçamento da União.
Há quem defenda restringir
ou até eliminar as emendas individuais; outros preferem reduzir ou eliminar emendas de
bancadas estaduais; no caso
mais extremo, a Confederação
Nacional dos Municípios quer
simplesmente acabar com as
emendas de todos os tipos.
Já os senadores Aloizio Mercadante (PT-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) trabalham
numa proposta que acaba com
a atual Comissão Mista de Orçamento e distribui seu trabalho entre as diversas comissões
temáticas do Congresso.
O alvo mais tradicional dos
críticos do processo orçamentário são as emendas individuais -usadas por congressistas para projetos de pequeno
valor em seus redutos eleitorais. Tanto a CPI do Orçamento
como a dos Sanguessugas
(2006) recomendaram o fim
dessas emendas. Argumenta-se
que a medida pulveriza recursos e dificulta a fiscalização.
As emendas também são instrumentos de barganha política
entre Executivo e Legislativo,
porque permitem que o governo negocie a liberação do dinheiro em troca de votos para
projetos de seu interesse.
Gautama
O escândalo em torno da empreiteira Gautama, porém, não
reforça essa tese. As emendas
para obras tocadas pela empresa já identificadas são de bancadas estaduais -e a maior parte
do dinheiro efetivamente pago
à construtora decorreu de iniciativas do Executivo.
Para os defensores das
emendas individuais, entre os
quais o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), trata-se da
forma mais eficaz de identificar
a paternidade de um gasto.
Até 1993, os parlamentares
podiam apresentar quantas
emendas individuais quisessem. Às vésperas da instalação
da CPI do Orçamento, foi fixado o teto de 50 emendas por
parlamentar. Em 1995, o número caiu para 20, mantido na
reforma de 2001. No ano passado, subiu para 25.
Para Barros, resta aprovar
uma proposta rejeitada em
2006: estabelecer um número
de emendas coletivas inferior
ao número de parlamentares
em cada Estado, impedindo
que dividam entre si emendas e
proponham emendas individuais disfarçadas de coletivas.
Para Mercadante, a elaboração do Orçamento ainda padece dos vícios dos tempos da hiperinflação, quando a definição
de receitas e despesas quase
não tinha importância prática.
Mercadante avalia que, sem
uma ampla reformulação de
procedimentos, não há como
implantar o Orçamento impositivo -outra proposta apresentada como forma de combater a corrupção, tornando a
execução dos gastos obrigatória para o Executivo.
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