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Corregedor pede ao Conselho de Ética cassação de Paulinho
Procurador-geral da República abre investigação para analisar caso de deputado
Inocêncio Oliveira afirma "não ter dúvida da culpa" do presidente da Força Sindical, acusado de estar envolvido no escândalo do BNDES
Sérgio Lima/Folha Imagem
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Deputado Paulinho (PDT) deixa o Congresso na tarde de ontem |
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza,
abriu ontem investigação para
analisar processo relacionado
ao deputado Paulo Pereira da
Silva (PDT-SP), o Paulinho da
Força Sindical, suspeito de participação em esquema de desvio de recursos públicos.
Na Câmara, o corregedor-geral da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), apresentou parecer pela cassação e
encaminhou relatório ao Conselho de Ética que terá 90 dias
(prorrogáveis por mais 90 dias)
para se manifestar sobre o caso.
Na última sexta-feira, Antonio Fernando Souza recebeu do
presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro
Gilmar Mendes, um CD de
mais de 2.000 páginas com a íntegra da investigação realizada
pela Justiça de São Paulo.
Ele decidiu abrir investigação interna para agilizar a análise de todo o relatório. Com o
resultado da análise e se entender que há elementos suficientes que indiquem irregularidades, Antonio Fernando poderá
pedir a abertura de inquérito
contra Paulinho no STF.
"As iniciativas vão depender
da convicção que esses documentos possam motivar", disse
o procurador.
Já o corregedor Inocêncio
Oliveira recolheu assinaturas
dos sete integrantes da Mesa
Diretora que concordaram, por
unanimidade, com o seu parecer e com o envio ao conselho
por quebra de decoro parlamentar.
"Existe uma palavra mais
forte do que gravíssimo? Esta é
a situação dele [Paulinho]. Tudo demonstra que teve uma
participação importante [no
esquema investigado] na Operação Santa Tereza. Não tenho
a menor dúvida de sua culpabilidade, esse é um caso de perda
de mandato", disse Inocêncio
ao entregar seu parecer ao presidente da Câmara, Arlindo
Chinaglia (PT-SP).
O corregedor se reuniu na
sexta-feira com Antonio Fernando, quando conheceu mais
detalhes da investigação. Ontem pela manhã, Inocêncio recebeu da Diretoria Geral da Casa relatório mostrando que
João Pedro de Moura, ex-assessor de Paulinho e suposto lobista, esteve na Câmara 39 vezes e,
em 12 delas, no gabinete do
congressista.
Inocêncio também teve acesso a notas fiscais que apontam
pagamento com dinheiro da
verba indenizatória de Paulinho a Antonio Diniz (assessor
da Força Sindical) e Luiz Fernando Emediato (presidente
do Conselho Deliberativo do
Fundo de Amparo ao Trabalhador). Eles receberam valores
que variam de R$ 2,25 mil a R$
5 mil por mês desde fevereiro
de 2007 para trabalho de consultoria. Segundo o corregedor,
o pagamento é "suspeito" porque Diniz e Emediato são ligados à Força.
"Essa é uma questão de honra para a Câmara. A opinião pública já condenou Paulinho, temos obrigação de zelar pela
imagem da instituição. Quero
pedir ao Conselho de Ética que
corra com esse processo, pois
tenho a consciência tranqüila
de que não estou fazendo nenhuma injustiça, nem preciso
ouvir Paulinho de novo", afirmou Inocêncio.
Segundo o corregedor, o telefonema do advogado Ricardo
Tosto para Paulinho interceptado pela PF, em que o congressista diz que "mexeria os pauzinhos" na Câmara em favor de
Tosto, já comprova quebra de
decoro e sustenta a cassação.
Inocêncio disse ter recebido
cópias do cheque de R$ 37,5 mil
que Moura destinou à ONG
Meu Guri, presidida por Elza
Pereira, mulher de Paulinho.
Para ele, é prova de que a instituição recebia verba proveniente do esquema do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
"Tenho certeza absoluta de
que "PA" e Paulinho são a mesma pessoa. Recebi parte dos
documentos da PGR e para
mim não há mais dúvida."
(SIMONE IGLESIAS, MARIA CLARA CABRAL E
ANDRÉA MICHAEL)
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